Embora não necessariamente expressivos emocionalmente (às vezes, muito pelo contrário), o ISFP pode facilmente ser lido como o tipo da autoexpressão. Isso porque o tipo ISFP costuma ter uma capacidade e uma orientação impressionantes para pensar quem ele é e como expressar isso de alguma forma, que pode ser criativa, artística, existencial, filosófica ou o que for. Metaforicamente, o ISFP pode ser visto como um andarilho à procura de si. A natureza do ISFP orbita ao redor de explorar o próprio eu, canalizar isso em imagens ou expressões e, com isso, se engajar no que lhe for verdadeiramente fundamental, não importando mais nada. O mundo próprio do ISFP consegue, com mais facilidade que os outros tipos, ser expressado de forma universal sem perder o que considerar ser sua essência. Portanto, ainda que não sejam o tipo com maior facilidade de engajar ou dialogar com o mundo interno, os ISFP têm uma capacidade incrível de trabalhar a si mesmos e depois canalizar a essência das descobertas que fizeram de forma que tenha impacto, sabor ou engajamento no mundo externo. Isso se deve a seu processo cognitivo de Sentimento Introvertido (Fi) dominante, Sensação Extrovertida (Se) auxiliar, Intuição Introvertida (Ni) terciária e Pensamento Extrovertido (Te) inferior.
Como função racional, o Sentimento Introvertido busca ditar a tomada de decisões do indivíduo e lhe orienta para fazer julgamentos de seu mundo a partir de princípios claros. No caso do Fi, esses princípios são subjetivos e valorativos, compelindo o indivíduo a rejeitar, fugir ou evitar quaisquer situações que não se alinhem a esse conjunto de valores fundamentais e não-influenciáveis por qualquer referência externa. A orientação para esse conjunto próprio cria uma tendência em que o ISFP busca primariamente em si as respostas do que lhe for necessário, e, por isso, também passa a ser vital para o ISFP explorar o que considera identiário. Esse caminho pode ser mais combativo ou, pelo contrário, um caminho de encontrar a paz interior e de se afastar de convivências problemáticas, mas sempre existe a tendência a rejeitar tudo o que não lhe for alinhado. A Sensação Extrovertida do ISFP lhe permite ter contato com o mundo externo, sendo sua principal porta para o objeto e tudo o que ele oferece. O que a Se-auxiliar fornece é a possibilidade de o ISFP concretizar seus anseios identitários na forma de experiências, produtos ou informações simples, diretas e concisas (não por isso piores ou simplistas. A simplicidade da Sensação Extrovertida é de uma capacidade imensa).
Existindo para balancear a função auxiliar como forma de percepção (irracional) introvertida, a Intuição Introvertida terciária tem a capacidade de canalizar grandes conceitos e padrões em nome de uma essência guiada pelos valores individuais do ISFP. No entanto, seu caráter eminentemente pueril deve ser bem aproveitado e bem trabalhado antes que possa gerar resultados transformadores para o ISFP. Em geral, pelo seu caráter terciário, os ISFP costumam ter prazer e valorizar conversar sobre qualquer assunto, como é comum nas duas intuições terciárias. Frequentemente, esse gosto por trabalhar símbolos e significados costuma ser leve e acontecer por lazer ou diletantismo: ISFP gostam de passar parte do seu tempo refletindo sobre ideias abstratas impraticáveis, sem que isso tenha um impacto definitivo em como lidam com a vida. Por fim, ao priorizar-se o que o campo subjetivo valoriza, é inevitavelmente preciso reduzir a importância e a influência do objeto na tomada de decisões. A busca de tomar decisões com base em valores subjetivos requer admitir a pessoalidade com que age no mundo e rejeitar adotar estruturas que limitem o indivíduo e sua própria decisão do certo e do errado. O Pensamento Extrovertido em posição inferior costuma ser ignorado, e o indivíduo rejeita o pragmatismo, o utilitarismo e a impessoalidade em nome da autoexpressão e da fidelidade consigo mesmo antes de mais nada.
Como função racional, o Sentimento Introvertido busca ditar a tomada de decisões do indivíduo e lhe orienta para fazer julgamentos de seu mundo a partir de princípios claros. No caso do Fi, esses princípios são subjetivos e valorativos, o que lhe compele a decidir e organizar seu mundo com base em um conjunto complexo de valores intrinsecamente atrelados à sua identidade, compelindo também o indivíduo a rejeitar, fugir ou evitar quaisquer situações que não se alinhem a esse conjunto de valores fundamentais e não-influenciáveis por qualquer referência externa. Mesmo que esse conjunto interno seja complexo (por ser uma função dominante), a tradução que o ISFP faz deles pode ser até bastante simples, e boa parte dos ISFP prefere referenciar esse arcabouço de forma simples e direta, o que será melhor tratado na seção sobre a função auxiliar.
A orientação para esse conjunto próprio cria uma tendência em que o ISFP busca primariamente em si as respostas do que lhe for necessário, e, por isso, também passa a ser vital para o ISFP explorar o que considerar identiário ou essencial para esse conjunto de valores. Quanto mais o ISFP explora e entende a si mesmo, mais ele passa a ser capaz de saber usar seus valores de forma a dialogar com o mundo externo, ou mesmo com grandes ideias e experiências que fazem parte da vida. Com isso, é fundamental entender que esse arcabouço de valores identitários arraigados à essência do ISFP o leva a querer agir por eles “a despeito de tudo”. Isso nem de longe significa egoísmo, na medida em que, sendo um arcabouço de valores, ele continua tendo grandes implicações morais. Mas a prioridade para o ISFP é agir a despeito, ou até mesmo contra o que possa ter sido estabelecido como adequado externamente. O que mais importa é o próprio caminho de julgamento da realidade e da própria identidade, mesmo que isso tenha impactos negativos para o próprio indivíduo em termos de posição social, relação com outras pessoas ou com estruturas externas.
A forma como o ISFP vai na prática se relacionar com o mundo depende do caminho que ele percebe como sendo seu. Esse caminho pode ser mais combativo ou, pelo contrário, um caminho de encontrar a paz interior e de se afastar de convivências problemáticas. Tudo isso depende de como se articula o conjunto de valores do Fi-dominante de cada ISFP. Inevitável, no entanto, é que esse conjunto seja a orientação principal do indivíduo, e que quase qualquer expressão, julgamento ou projeto esteja intensamente associado a esse conjunto de valores. No ponto negativo, conforme esse vínculo com o julgamento subjetivo passa a ser primordial, isso leva a uma possível rejeição de qualquer coisa, situação ou pessoa que esteja em oposição a ele. Essa rejeição pode ser mais ativa (confrontamento) ou mais passiva (“largar pra lá”, bloquear e evitar), mas existe uma tendência de fechamento contra o que não estiver alinhado.
A Sensação Extrovertida do ISFP lhe permite ter contato com o mundo externo, sendo sua principal porta para o objeto e tudo o que ele oferece. A relação direta e crua com o objeto concreto da Se dá ao ISFP uma capacidade de perceber das situações práticas oportunidades e situações para serem exploradas em nome do Sentimento Introvertido dominante. Por ser uma função bastante direta, o ISFP consegue ter contato e aproveitar a realidade como ela é: uma praia, uma música, um livro ou uma fogueira são aproveitados pelo que eles são e pelas experiências diretas que proporcionam. Além disso, todos oferecem oportunidades para o ISFP compreender, julgar e pôr à prova seus valores. A partir disso, ele ganha a capacidade de gerar uma autoexpressão ao mesmo tempo muito subjetiva e muito universal. Muito subjetiva porque, em última instância, o ISFP é introvertido e, por consequência, subjetivo em primeiro lugar. Muito universal porque, capaz de experimentar e dialogar com as experiências pelo que elas são, existe a tendência de o ISFP saber bem o que é estético, o que é verdadeiramente belo, ou pelo menos ser capaz de entender como seu corpo se articula consigo mesmo e com o mundo à sua volta.
O que a Se-auxiliar fornece é a possibilidade de o ISFP concretizar seus anseios identitários na forma de experiências, produtos ou informações simples, diretas e concisas (não por isso piores ou simplistas. A simplicidade da Sensação Extrovertida é de uma capacidade imensa). O ISFP é capaz de entregar ao mundo a si mesmo como experiência, sem se perder completamente naquilo que o mundo é. Isso costuma permitir que o ISFP construa para si um estilo, um modo de vida ou um “produto” (artístico, filosófico ou prático, por exemplo) que carregue em si mesmo a capacidade de funcionar por si só. Pode ser belo, grotesco, intenso ou suave, mas dialoga com o mundo e com a estética pelo que eles são.
Existindo para balancear a função auxiliar como forma de percepção (irracional) introvertida, a Intuição Introvertida terciária tem a capacidade de canalizar grandes conceitos e padrões em nome de uma essência guiada pelos valores individuais do ISFP. No entanto, seu caráter eminentemente pueril deve ser bem aproveitado e bem trabalhado antes que possa gerar resultados transformadores para o ISFP. Em geral, pelo seu caráter terciário, os ISFP costumam ter prazer e valorizar conversar sobre qualquer assunto, como é comum nas duas intuições terciárias. Para além disso, a Ni-terciária tem preferência por especular de forma pueril sobre símbolos, grandes padrões e significados. Frequentemente, esse gosto por trabalhar símbolos e significados costuma ser leve e acontecer por lazer ou diletantismo: ISFP gostam de passar parte do seu tempo refletindo sobre ideias abstratas impraticáveis, sem que isso tenha um impacto definitivo em como lidam com a vida.
Conforme a presença da Ni-tert pode aumentar, o ISFP aumenta seu contato com situações para além do que ele percebia com a objetividade da Se. Isso frequentemente gera no ISFP uma sensação de (re)descoberta espiritual ou mística, já que a Ni costuma sacralizar experiências simbólicas pouco concretas. Ao ganhar presença no indivíduo, a Ni deixa de ser tão surpreendente, mas justamente por isso consegue ser mais consistente e transformadora no dia-a-dia. As visões e símbolos que o inconsciente do ISFP produz passam a ser realmente usadas pelo Fi no refinamento do ISFP consigo mesmo, sem precisarem ser exageradas ou mesmo associadas a contextos espirituais. Com a Ni, o ISFP é capaz de trazer real idealismo e simbolismo para o que quer que produza ou acredite, e passa a ser mais conceitual e criar mais expectativas idealizadas, balanceadas com a compreensão do mundo concreto. Isso, por fim, ainda o possibilita criar e inovar em uma estética universal, que funcione por si só, mas que também seja conceitual e simbólica, respeitando a identidade própria que o guia.
Ao priorizar-se o que o campo subjetivo valoriza, é inevitavelmente preciso reduzir a importância e a influência do objeto na tomada de decisões. Quanto mais o estritamente pessoal predomina, mais para baixo é jogada a impessoalidade. A busca de tomar decisões com base em valores subjetivos requer admitir a pessoalidade com que age no mundo e rejeitar adotar estruturas que limitem o indivíduo e sua própria decisão do certo e do errado. O Pensamento Extrovertido em posição inferior costuma ser ignorado, e o indivíduo rejeita o pragmatismo, o utilitarismo e a impessoalidade em nome da autoexpressão e da fidelidade consigo mesmo antes de mais nada.
Se seus valores ou sua função inferior forem pressionados em demasia, o ISFP pode acabar tendo uma reação bem mais violenta e intensa com relação à imposição de estruturas. O tipo, que geralmente costuma respeitar os limites alheios conquanto respeitem os seus, pode ampliar as tendências tirânicas de rejeição de tudo o que não gosta e projetar isso no mundo fora de si. O tipo, que originalmente apenas rejeitaria o objeto dentro de um espaço mais individual, ou mesmo apenas se afastar do objeto rejeitado, pode ter impulsos de impor estruturas e vontades nos outros, em uma pretensa ilusão de objetividade pouco ou nada construtivas. Geralmente, as tentativas de se construir estruturas a partir do Te-inf resulta em grandes projeções de pessoalidade e em um aumento na “síndrome de herói” que já costuma afetar o Fi-dominante: se o centro das decisões morais passa a ser o indivíduo, também passará a caber a ele a imposição ou rejeição de decisões aparentemente “más”.
Em estados menos alterados, mesmo assim, o Pensamento Extrovertido inferior pode se manifestar na insegurança ou na rejeição com relação a imposições lógicas de terceiros. Em tentativa de manter a independência dos próprios valores (e do próprio “caminho” e evitar a insegurança no campo da lógica produzida pela sociedade, é muito comum que os ISFP rejeitem qualquer conclusão lógica feita por outras pessoas se eles lerem como possível imposição sobre quem eles são ou sobre seus julgamentos. Nesse caso, existe uma grande pessoalização do que outras pessoas dizem ou concluem, na medida em que isso afeta o conjunto de valores ou identidade do ISFP por impactarem sua insegurança com diálogos e trocas impessoais de informação. No entanto, é possível que um ISFP mais consciente dessa insegurança se permita aprender sem tanta reatividade ou incômodo. Nesse caso, a inferior se manifestará de outras formas, como a hesitação frente a metas pessoais ou pragmatismo.
O grande estereótipo específico de ISFP é o de artistas. O caso do estereótipo de artistas é interessante porque é injusto tanto com artistas como com ISFPs, mas não deve ser de todo esquecido. De fato, existe uma sobrerrepresentação de ISFP no mundo da arte. Mas tratar o tipo ISFP apenas como um tipo de artistas é limitante para toda a capacidade e pluralidade que o tipo (como, na verdade, qualquer pessoa) pode oferecer. Reduzir o ISFP a um tipo artístico reduz suas capacidades de reflexão filosófica e existencial e sua capacidade de aproveitar o momento para além da expressão, por exemplo. Tratá-lo como um tipo artístico apaga a existência dos ISFP que não o são. O contrário também é verdade: a arte não é monopólio de um tipo e, em verdade, é uma das grandes manifestações da humanidade e uma das coisas que dão sentido à vida.
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