Errático, inconstante e genuíno: essas três palavras introduzem o ENFP, ainda que, obviamente, não sejam suficientes para um panorama completo do tipo. Os ENFPs se caracterizam por uma curiosidade monumental por ideias e associações variadas, orientando-se na vida por diferentes (e instáveis) interesses que se comunicam com sua ideia de si. Dessa forma, os ENFP podem ir até o fim para explorar ao máximo suas próprias vontades e gostos com base em associações ou projetos cada vez mais inusitados, às vezes quase insólitos, mas sempre com a sensação de que devem ser genuínos, custe o que custar (ou quem custar). Se fazem erráticos, desse modo, porque sua genuinidade leva a rejeitar quase qualquer consistência em nome de uma exploração do mundo abstrato na forma de projetos, interesses e hipóteses testadas sobre si e sobre o mundo, mesmo que isso os levem a romper qualquer outro vínculo mais estável. Toda essa ressignificação e subversão dos próprios gostos se dá a partir da Intuição Extrovertida (Ne) dominante, do Sentimento Introvertido (Fi) auxiliar, do Pensamento Extrovertido (Te) terciário e da Sensação Introvertida (Si) inferior.
A Intuição Extrovertida dominante, por ser função perceptiva objetiva, traz um mundo de situações sem filtro para o indivíduo. Esse mundo, abstrato e especulativo, leva o Ne-dominante a viver em um mar de opções e especulações hipotéticas cujo contato com a realidade se dá por meio do constante (re)direcionamento para novos gostos e associações inesperadas que retiram o ENFP de qualquer constância ou manutenção. Há uma abrupta, quase violenta mudança de interesse, a curto, médio e longo prazo, que costuma inclusive remodelar radicalmente a forma como o ENFP vê o mundo. A primeira âncora do ENFP a um senso de si vem de sua função de julgamento, o Sentimento Introvertido (Fi). Por ele, o ENFP encontra mais identificação com seus gostos e vontades, ganha a capacidade de entender os próprios valores e sentimentos e também autorrestringe sua própria tendência exploratória para que não exceda os limites da sua própria individualidade. A pessoalidade aqui é tanta que tudo aquilo que não for importante para o indivíduo é secundário.
O Pensamento Extrovertido é o principal eixo de contato do ENFP com o pragmatismo, trazendo a capacidade de tomada de decisões objetivas ao tipo. No entanto, seu caráter pueril costuma relegar-se a uma mera adoção parcial e pouco compromissada de estruturas de pensamento que vão além do indivíduo, ou, pelo contrário, na tentativa de imposição/adoção simplista delas. Por outro lado, se melhor trabalhado, o Te-auxiliar ganha capacidade e dimensão possíveis. A aceitação de estruturas outrora rejeitadas por lhe parecerem “opressivas” ou homogeneizantes demais permite ao ENFP um espaço de manobra pragmático e criativo interessante. Claro, orientar a própria vida a crescentes novas tangentes requer sacrificar o que, para outras pessoas, seria considerado “o que verdadeiramente importa”. Pelo prevalecimento definitivo da Intuição Extrovertida na psique, o ENFP subsume e constantemente menospreza a ideia de eternidade das coisas. Ver que outras pessoas dão grande valor intrínseco a objetos, fatos e sensações que idealmente seriam mantidas ad eternum traz um desconforto pessoal no ENFP, que vê essas coisas como limitantes, inertes ou sem sentido. Não vê, claro, que ao mesmo tempo se apega a outro punhado de coisas, ainda mais sem sentido e desnecessário, geralmente sem nenhum valor concreto, a título de transgressão da ordem do mundo.
A Intuição Extrovertida dominante, por ser função perceptiva objetiva, traz um mundo de situações sem filtro para o indivíduo. Esse mundo, abstrato e especulativo, leva o Ne-dominante a viver em um mar de opções e especulações hipotéticas cujo contato com a realidade se dá por meio do constante (re)direcionamento para novos gostos e associações inesperadas que retiram o ENFP de qualquer constância ou manutenção. Há uma abrupta, quase violenta mudança de interesse, a curto, médio e longo prazo, que costuma inclusive remodelar radicalmente a forma como o ENFP vê o mundo. Boa parte de seus gostos ou até mesmo crenças se vê sob risco de mudança iminente em nome de um novo tema que o seduza a ser explorado. A manutenção de interesses ou objetivos mais constantes, embora existente, é geralmente pequena e restrita a poucas coisas que o acompanham. Mesmo eles, na maioria dos ENFP, parecem correr risco de algum tipo de mudança interna ou externa.
Isso faz do ENFP, ao mesmo tempo que inconstante, capaz de se deleitar e ter contato com inúmeras tangentes de pensamento que facilitam a criação de novas conexões entre conceitos e possibilidades, aos quais a Intuição Introvertida se vincula como se isso o definisse. Ou seja, a necessidade de explorar conexões e projetos não é mero diletantismo, ou coisa que a pessoa faz por estar alegre ou em um momento de diversão. Ela é vista como fundamental para o próprio funcionamento do ENFP, e por isso tem pouco ou nenhum filtro prévio: cada novo projeto aparece com igual valor e significância por representar um campo hipotético igualmente interessante de ser explorado. É essa ausência de filtro que demonstra o caráter errático e sem raízes da Intuição Extrovertida dominante, muito maior que um simples interesse pelo “novo” ou por “criatividade”. Existem, em verdade, saltos de vontades, por vezes totalmente não relacionadas entre si, em que toda nova especulação vale a pena, simplesmente por ser uma especulação. O ENFP compra para si, com igual força, uma mudança que não lhe parece em absoluto alienígena: faz parte de seu modus operandi. De certa forma, o ENFP apenas se sente estável em termos de mudança, sabendo que todo o mais pode se desfazer e desmanchar no ar.
A paixão pela conexão múltipla e variada geralmente traz uma proposta de autossubversão e reimaginação de si mesmo. Como tudo o que é interessante merece uma chance de ser explorado, isso significa também reimaginar as próprias bases ou apegos de uma forma fugaz e variada. Enquanto isso gera um potencial de crítica da realidade a partir de conceitos e uma capacidade de associações sem igual, como dito, também gera uma inconsistência galopante que torna difícil o vínculo a diversos projetos. A necessidade da especulação e de seu aproveitamento gera tendência a instabilidade, já que poucas coisas teriam o peso e o valor intrínseco suficientes para serem mantidos por amor. Nesse caso, é comum que a sedução que novas tangentes criariam traga frustração pela percepção de que muitas coisas têm de ser mantidas, no mínimo por pragmatismo.
A primeira âncora do ENFP a um senso de si vem de sua função de julgamento, o Sentimento Introvertido (Fi). Por ele, o ENFP encontra mais identificação com seus gostos e vontades, ganha a capacidade de entender os próprios valores e sentimentos e também autorrestringe sua própria tendência exploratória para que não exceda os limites da sua própria individualidade. Os caminhos que costumam ser mais frequentes na exploração do ENFP dizem respeito a seus valores pessoais e suas opiniões mais firmes. Seja no engajamento por justiça ou na busca radical pelo que satisfaz seus interesses e vontades, o ENFP se engaja, a partir do Fi, numa lógica de “custe o que custar”. A pessoalidade aqui é tanta que tudo aquilo que não for importante para o indivíduo é secundário. Embora isso não signifique em absoluto egoísmo, demonstra o porquê de ser raro que ENFP sejam “orientados às pessoas”.
Há, também, o lado de orientação para justiça (por meio de valores) que é comum em todas as funções de Sentimento. Por mais que o Fi-auxiliar possa gerar uma atitude confrontativa, ela costuma ter duas características no ENFP: 1) ela não se sente dialogando com algum tipo de justiça universal ou que deveria ser aceita por todos. É mais comum que o ENFP tenha consciência de que seus valores são apenas seus e não tente convencer os outros a partir do que eles devem valorizar, mas sim por meio de um diálogo com a lógica objetiva presente na função terciária, explicada posteriormente; 2) ela é pouco ou nada corporal, costuma não ser direta e muito menos factual: começa e termina no campo abstrato das ideias. Assim, a possível transgressão em termos de revolta por justiça do ENFP não deve ser confundida, ainda que pareça, com outras revoltas e movimentos por justiça de outros tipos, também bastante comuns. No ENFP ela costuma se confundir com uma própria transgressão de si, na qual o ENFP remodela e reformula suas próprias orientações em nome de um senso de si muito particular, que eventualmente transborda em confrontamento com o mundo externo.
O Pensamento Extrovertido é o principal eixo de contato do ENFP com o pragmatismo, trazendo a capacidade de tomada de decisões objetivas ao tipo. No entanto, seu caráter pueril costuma relegar-se a uma mera adoção parcial e pouco compromissada de estruturas de pensamento que vão além do indivíduo, ou, pelo contrário, na tentativa de imposição/adoção simplista delas. Numa atitude que pode lembrar a de uma criança argumentando, é comum que o Te-terciário crie argumentos mediocremente sólidos baseados em pedaços de informação que mais servem para defender o que foi pessoalizado pelo Fi-auxiliar que efetivamente decidir algo impessoalmente. Outra manifestação pueril possível é a adoção simples de estruturas de pensamento ou regras externas, como finanças ou legislação, para ganhos pequenos e não cruciais para a vida do indivíduo. Em outro momento, o Pensamento Extrovertido pode aparecer tentando impor também raciocínios simples como se fossem universais.
Por outro lado, se melhor trabalhado, o Te-terciário ganha capacidade e dimensão possíveis, diferente de quando inferior, quando é necessariamente incapaz de ganhar corpo. A aceitação de estruturas outrora rejeitadas por lhe parecerem “opressivas” ou homogeneizantes demais permite ao ENFP um espaço de manobra pragmático e criativo interessante. A criação ou adoção do novo, para além de ser uma forma de afirmação identitária ou valorativa, ganha uma capacidade maior de diálogo com o mundo externo, embora frequentemente o ENFP se perca nesse diálogo e passe tempo demais alternando entre estruturar novas criações e expandi-las, sem sequer se perguntar se de fato aquilo o interessa. Adquirindo uma capacidade maior de administrar e favorecer ganhos ao invés de impor verdades pessoais na sua forma de explorar o mundo, o Te-terciário, ainda com substratos infantilizados, ligeiramente autoritários, consegue se engajar em produzir e construir com conhecimentos orientados pela eficácia. Há, portanto, uma adaptabilidade a demandas impessoais externas que faltariam a um Pensamento Extrovertido inferior, por exemplo.
Orientar a própria vida a crescentes novas tangentes requer sacrificar o que, para outras pessoas, seria considerado “o que verdadeiramente importa”. Pelo prevalecimento definitivo da Intuição Extrovertida na psique, o ENFP subsume e constantemente menospreza a ideia de eternidade das coisas, sensações e fatos que lhe seriam importantes. Se ignorar em demasia a presença da função inferior, pode projetá-la tanto que passa a se incomodar com qualquer uso dessa função nos outros. Ver que outras pessoas dão grande valor intrínseco a objetos, fatos e sensações que idealmente seriam mantidas ad eternum traz um desconforto pessoal no ENFP, que vê essas coisas como limitantes, inertes ou sem sentido. Não vê, claro que ao mesmo tempo se apega a outro punhado de coisas, ainda mais sem sentido e desnecessário, geralmente sem nenhum valor concreto, a título de transgressão da ordem do mundo. Há uma inércia que se recusa a compreender como outras pessoas imbuem os fatos e detalhes de um valor fundamental, simplesmente por serem o que são.
Tamanha repressão pode levar a surtos da função inferior que incapaz de se desenvolver corretamente, gera no indivíduos apegos autodestrutivos sem nenhum grau de complexidade. Frequentemente é o próprio corpo que sofre com a má compreensão dos fatos: imbrica-se em hipocondria e outras situações em que as próprias sensações do corpo incomodam e dão gravidade. Em outros aspectos, há uma frustração galopante com o histórico de incapacidade em se apegar a determinadas coisas, o que retorna como uma tentativa obsessiva de manter certas coisas de sua vida, sem efetivamente capacidade ou criatividade para tal. Para um tipo que se ergueu ressignificando as coisas e criando novas associações que mantivessem seu interesse, o ENFP se vê, de repente, incapaz de voltar a expandir seus conceitos no mundo abstrato, sem compensar isso com uma solidez saudável no mundo concreto. Tirar sua força na falta de significado das coisas se mostra inevitavelmente pressionando a percepção de um mundo que não tem significado porque nunca lhe foi cultivado um. A inércia e o apego instáveis, então, podem causar muita dor.
Se perceber isso, o ENFP pode tentar aceitar melhor o caráter complicado e instável de sua função inferior. Embora não vá ser capaz de dar corpo e complexidade à percepção das coisas como valorizadas por si sós, conseguirá se ver menos refém da inferior, justamente por aceitá-la como um campo de insegurança e recriação. Conforme ela não é ignorada, o ENFP compreende melhor os limites da exploração acelerada e compreende que há coisas passíveis de serem mantidas, mesmo que não vá extrair delas tanto quanto o fariam pessoas com Si alta (xSxJ). Reconhecer a insegurança no campo da eternização e da sacralização do mundo concreto abre as portas para uma melhor manutenção de si.
Dois grandes estereótipos distorcem o ENFP, deixando-o mais genérico e identificável por muitos tipos. A distorção causada pelo primeiro movimento lê o ENFP como definido pelo flerte, pela sedução ou pela corporalidade, além de se colocar qualquer personagem alegre e com força de vontade como se fosse ENFP, mas isso é muito genérico Esse estereótipo é mais Sensação Extrovertida (Se). O segundo movimento causa uma distorção diferente, que lê os ENFP como o ápice da amigabilidade e receptividade em nome de outras pessoas. Embora alguns de fato sejam assim, é preciso diferenciar quais o fazem por influência do Fi-auxiliar e quais, na verdade, são pessoas de outros tipos que usam Sentimento Extrovertido (Fe). Com esse estereótipo, o ENFP fica banalizado, representando uma animação genérica, ou algum aspecto bobalhão, no qual qualquer pessoa que tenha ideias vire ENFP.
No Facebook a DDC possui um grupo de discussões voltado para as tipologias abordadas aqui no site com muito acolhimento e didática. Quer conhecer mais sobre o seu tipo? Entra na nossa comunidade 🙂