Por que damos nomes aos tipos? Por que 3 nomes e por que esses?
O terceiro apelido de cada tipo teve a intenção de caracterizar os tipos de forma mais abstrata, com adjetivos e substantivos que possam ser genericamente associados ao padrão de cada tipo. Confira ao que cada nome referencia e como essa associação se relaciona às funções. Confira a parte I, com profissões e funções sociais, aqui. De lá, siga para a parte II.
ESTP – O Tático: a característica evidenciada do ESTP nesse apelido é sua capacidade de adaptação a problemas e aproveitamento de oportunidades que surgem no momento, de uma forma pragmática, a partir de um entendimento particular, mas lógico, da situação (Se-dominante e Ti-auxiliar). Metaforicamente, esse pensamento se expressa na frase “Ao me preparar para a batalha, eu sempre percebi que planos são inúteis, mas planejamento é indispensável”, de Dwight Eisenhower. O ESTP encarna o pensamento tático, fazendo-se sua diferença da estratégia. A estratégia consiste em um plano geral e bem mais abstrato, focado em um fim de longo prazo, enquanto a tática diz respeito ao entendimento da situação específica e a agência de acordo, com vistas ao melhor benefício no momento. Tática e estratégia andam juntas.
ESFP – O Espírito Livre é o ESFP quem melhor encarna a ideia de um espírito livre: sem restrições que não sejam autoimpostas. Sua função dominante é de percepção extrovertida, o que facilita a libertação de entraves em nome da exploração e das oportunidades do momento. O Espírito Livre pode ser alegre e envolvente ou forte e destemido, mas sabe usar seu “corpo” e aproveitar ao máximo o que chega do objeto, seja ele uma festa, uma luta, uma oportunidade financeira ou um bom livro de seu interesse. Como sua principal âncora moral é subjetiva (Fi-auxiliar), também o Espírito Livre se sente emancipado da moral coletiva e das expectativas. O vínculo com estruturas de conhecimento objetivas (Te-terciário) pode ser bastante pragmático e geralmente é direcionado pela função dominante, exploradora e livre.
ENTP – O Subversor é papel da Intuição Extrovertida (Ne) subverter ideias e criar, a partir disso, novas associações, não importando-se onde vão levar (geralmente não levam a lugar nenhum). O ENTP é posto como “O Subversor” exatamente porque alia a capacidade e a prioridade de subversão de ideias e hipóteses (Ne-dominante) com a articulação de conceitos meramente pelo que faria sentido, com alta independência de pensamento (Ti-auxiliar) e a capacidade relativa de dialogar ou provocar, mesmo que de forma simplista, os valores alheios e sociais (Fe-terciário). Incapaz de adquirir consistência, estabilidade ou alguma solidez pessoal (Si-inferior), cabe ao ENTP seguir subvertendo as situações. Nesse bojo, o nome referencia um famoso subversor de ideias da história (ou melhor, corruptor da juventude), Sócrates, ENTP.
ENFP – O Surrealista: o surrealismo subverte a realidade, trazendo a técnica mais realista para o campo onírico e pintando imagens em justaposição incomum ou inesperada, além de fenômenos que pretendem trazer o inconsciente ou o onírico para a tela. O Surrealista cria imagens desconcertantes e bonitas que nunca de outra forma teriam sido imaginadas, simplesmente pela associação variada que subverte o que a arte deveria ser, se não no campo técnico, sim no campo temático (Ne-auxiliar e Te-terciário). Além disso, um dos mais famosos pintores surrealistas, Salvador Dalí, era ENFP.
ESFJ – O Diálogo: dialogar de verdade requer entender o outro e trabalhar, sem preconceitos, os pontos de um e de outro e seus desdobramentos. O indivíduo que dialoga chega com suas vivências pessoais próprias (Si), mas também as transcende em nome do diálogo em si, do entendimento e da relação que se forma quando dois indivíduos conversam. O plano do entender e se fazer entendido é bem característico do Julgamento Extrovertido dominante (Te e Fe), mas o diálogo, como criador de relações e como espaço do pessoal, pode ser lido melhor como metáfora do Sentimento Extrovertido (Fe). A partir da intenção de entendimento mútuo, definição de expectativas e normas de conduta universais (Fe), as duas partes do diálogo podem engajar em uma série de tangentes e livre-discutir ideias e associações dentro do diálogo (Ne-terciária).
ENFJ – O Humanitário: chamou-se o ENFJ “O Humanitário” pela tendência ímpar do tipo em se orientar para causas de justiça universalizadas, o mais abrangentes possível. O Humanitário recebe as demandas mais universalmente aceitas da sociedade e cria grandes ideais a partir delas. Mais que isso, ele também canaliza visões próprias e as direciona para agir no mundo externo e influenciar a moralidade externa (Ni-auxiliar e Fe-dominante). Assim, metaforicamente, o humanitarismo funciona de um jeito associado à psique do ENFJ, que cria e adota grandes visões e ideais associados a valores sociais bastante universalizados, que são sua prioridade.
ESTJ – A Justiça: justos todos sentem que são. Entretanto, é o ESTJ que melhor funciona como metáfora da Justiça, da ideia de uma entidade imparcial que, com base na interpretação clara de precedentes específicos e de normas imparciais e universais, decide coisas sobre o funcionamento do mundo. A Justiça tem altos padrões impessoais usados para tomada de decisões (Te-dominante), ao ponto de por vezes vendar-se para melhor usar a balança e a espada. Com vistas de trazer equilíbrio, ordem e equidade para o mundo, de forma eficiente, mas sem se perder em pragmatismo (Te-dominante e Si-auxiliar), a Justiça se engaja na tomada de decisões sobre quaisquer controvérsias que lhe chamem a atenção.
ENTJ – A Doutrina: uma Doutrina é a estruturação impessoal de uma ideia. O ENTJ, que também poderia ser chamado de “A Lei” ou “O Partido”, representa, em suas funções, essa estruturação que define a Doutrina. Essas três palavras, em especial a mais abstrata, dizem respeito a construção de uma estrutura de conhecimento, normas (e possivelmente metas) (Te-dominante) derivada de uma visão e um ideais muito específicos (Ni-auxiliar). A Doutrina, por mais austera que seja, também visa a algum pragmatismo. Ela não é simplesmente a voz de uma ideologia distanciada dos efeitos, mas sim a tradução e adaptação dela para uma linguagem estruturante (Te-dominante e Se-terciária).
ISTJ – O Honrado: o Honrado sempre honra alguma coisa. Ele próprio, por si, cria um vínculo com algo que tenha valor em si próprio. Metaforicamente, essa valorização intrínseca da conduta pode ser associada à Sensação Introvertida, principalmente a dominante. Mas o Honrado vai mais além. Geralmente, sua honra, como diz respeito à conduta pessoa, mistura um sistema de valores que ele busca deixar como independente de qualquer influência externa (Fi-terciário) e um curso de ação impessoal, por estar atrelado apenas à própria conduta. O Honrado sabe quando sacrificar prazeres momentâneos em nome de uma atitude mais sagrada.
ISFJ – O Devoto: o processo de devoção não significa necessariamente religiosidade. Ele também pode ser interpretado, a depender da pessoa, como dedicação, idealismo, romantismo, cuidado ou ritualização das próprias ações. O Devoto não precisa devotar-se a uma prática religiosa. Pode se devotar aos seres humanos, sentindo-se pequeno diante de um mundo em constante mudança ou áspero demais. Pode juntar sua devoção com uma sensibilidade única para entender as pessoas e, com isso, também entender a si mesmo (Fe-auxiliar). Pode se devotar a uma causa como a educação, ao ver o progresso de cada um de seus alunos como algo divino e recheado de propósito. Pode ver devoção em cozinhar, dançar ou amar. E se dedica a conhecer o máximo possível de cada sistema que lhe interessa (Ti-terciário), sem ignorar todos os valores que defende (Fe-auxiliar), sempre em nome da devoção ao concreto (Si-dominante).
INTJ – O Visionário: um Visionário pode ser definido como “aquele que tem ou acredita ter visões” ou “aquele que tem ideias quiméricas, idealistas, grandiosas, ou acredita em ideais”. Ao se afastar da definição associada a qualquer tipo de pessoa criativa, dá-se mais corpo à Ni-dominante do INTJ. Não que todos acreditem de fato ter visões, mas a Intuição Introvertida funciona dessa forma. O INTJ se movimenta por visões (dando a elas o nome que for, o que varia) e se movimenta sempre por e para elas. O Visionário tenta e quer dar corpo às suas visões (Te-auxiliar, influenciado também pela Se-inferior inconsciente), mas até essa tentativa, por mais forte que seja, é menor que a visão ou reflexão em si, o que leva o Visionário a se distanciar da realidade mesmo quando quer influenciá-la.
INFJ – O Idealista: o sentido de idealismo usado aqui não pode ser o corriqueiro. O Idealista é o escravo de suas ideias e ideais, o que está associado a conceitos como o de “símbolo” e “essência”. O nome “O Idealista”, portanto, também é uma referência ao platonismo, dado que o próprio Platão era INFJ. O Idealista é aquele que se perde no mundo das expectativas ou figuras que lhe saltam inconscientemente, buscando a essência dos conceitos e fenômenos sobre os quais especula, e se perde da experiência concreta, tendo dificuldade de senti-la, ou aceitá-la. O Idealista, portanto, se frustra com a realidade por se dedicar tanto a um campo abstrato que o afasta das próprias sensações. Ele nutre, a partir disso, expectativas ideais sobre o mundo à sua volta e, mesmo nem sempre conseguindo mover algo por elas, cai na tentação de venerá-las.
ISFP – O Autoexpressivo: dá-se o apelido de “O Autoexpressivo” ao ISFP por sua capacidade singular de conciliar uma percepção universalista do mundo com um vontade muito pessoalizada de lidar com ele. Frequentemente, o ISFP tenta se autoexpressar no sentido de usar alguma estética ou geração de experiência em nome de seu arcabouço próprio de valores e seu senso de si, intimamente ligados. O Autoexpressivo é aquele que expressa a si mesmo, e quase somente a si mesmo. Tudo aquilo que não for o “auto”, o “si mesmo”, é deixado de lado e não é expressado (Fi-dominante). Quando o Autoexpressivo capta algo que é suficiente para a presença do “si mesmo” no mundo concreto, ele é finalmente capaz de descarregar sua autoexpressão. Ele explora as oportunidades concretas que lhe aparecem e cria uma estética tão universal (por conversar com todos e expressar um conceito) (Se-auxiliar e Ni-terciária) quanto densa e intimamente pessoal.
INFP – O Individualista: o Individualista vê o mundo aos seus olhos, e seus apenas. Ele pode salvar o mundo ou destruí-lo, e o faz pelos seus olhos. O Individualista se vê separado, e se busca a separar, porque assim será um só. É depois de ser um que ele pode até ser dois ou ser muitos, mas antes de tudo ele é um. O Individualista busca criar uma noção intrínseca, complexa, multifacetada e genuína de si (Fi-dominante), e ser o máximo de si ao engajar com os outros. Ele tem uma percepção pessoal da realidade e do que experimenta (Si-terciária) e faz disso uma de suas bases. Ele trabalha ideias que vêm de fora, quase como se elas não viessem de alguém. Engaja-se em projetos e interesses que reforcem seus olhos próprios (Ne-auxiliar). Pode criar-se herói e ser vilão, ou pode criar-se herói e sê-lo, de fato, e salvar o mundo, contra tudo e contra todos. Tudo porque, antes de herói, vilão ou qualquer coisa, ele foi ele mesmo.
ISTP – O Autossuficiente: nomeia-se “O Autossuficiente” o ISTP porque sua necessidade de independência conceitual e de raciocínio (Ti-dominante), aliada a um pensamento primariamente concreto (Se-auxiliar) costuma compelir o tipo a se fazer ou se considerar autossuficiente, pelo menos em termos intelectuais, mas também frequentemente em termos materiais. A repressão do Fe-inferior tende a fazer com que o tipo renegue uma vulnerabilidade e dependências no campo relacional que o compele, ainda mais, a levar um estilo de vida em que ele sinta que funciona por si só. Isso, obviamente, é uma ilusão, pois o ser-humano necessariamente interage com a sociedade ou seus produtos. Por esse motivo, a autossuficiência objetiva do ISTP tem claros limites, e depois deles há apenas a autoimagem de autossuficiência, que muitos ISTP tentam colocar para si.
INTP – O Analítico: este adjetivo representa muito da forma do INTP de ver o mundo, mesmo que não esteja relacionado a tópicos considerados “intelectuais” como a ciência e a filosofia. O Analítico se distancia do mundo quebrando-o em partes definidas para compreensão, porque seu objetivo principal é dar sentido, de forma impessoal, a tudo o que presencia (Ti-dominante). No entanto, esse processo de “dar sentido” requer um distanciamento favorecido pela Ne-auxiliar na criação de tangentes especulativas que dão fluidez ao método de análise do INTP, para mais uma vez serem seguradas pela factualidade e pelo detalhismo relativamente incipientes da Si-terciária.
Conheça os outros conteúdos relacionados