O individualismo do INFP é sempre o traço geral mais marcante do tipo, notável mesmo quando a pessoa está inserida em algum contexto cooperativo ou social. Esse individualismo acompanha um sentimento que se coloca, de alguma forma, sempre contra o mundo. O INFP usa o campo das ideias como plataforma para criar um senso de si contra o mundo externo. O INFP tem seu foco primário em gerar um entendimento de si cada vez mais complexo, por sua vez também usado para criar julgamentos sobre o mundo. A ampliação da ideia de si e do uso dessa ideia para criação de um arcabouço de valores que vise ser independente do mundo externo gera projetos, criações e ideias que reforcem esse senso de si, orbitando geralmente por um sentido bem subjetivo de heroísmo contra um mundo cuja lógica moral separa heróis de vilões, o que pode com frequência afastá-lo da realidade e do bom uso das relações humanas. Além disso, o INFP também é responsável por sublimes criações ou interpretações que canalizem uma estética e crenças extremamente pessoais com o fim último de manter qualquer expressão coerente com seu individualismo, contra tudo e todos que pareçam opor-se. A ordem de funções do INFP é Sentimento Introvertido (Fi) dominante, Intuição Extrovertida (Ne) auxiliar, Sensação Introvertida (Si) terciária e Pensamento Extrovertido (Te) inferior.
A função Sentimento toma decisões com base em princípios valorativos. O Sentimento Introvertido, portanto, cria um arcabouço altamente pessoal de valores e vontades para interagir com o mundo e tomar decisões nele. Por altamente pessoais e subjetivos, esses valores são, também, identitários. A identidade pessoal do INFP é construída a partir de seus valores e seus valores também são construídos a partir de sua identidade, retroalimentando-se. Mais que apenas um senso de individualidade, coisa que qualquer pessoa possui, esse senso do Sentimento Introvertido é criado contra o objeto externo de forma às vezes violenta ou reativa, mas sempre de forma altamente pessoalizada. A porta de entrada do mundo externo do INFP é a Intuição Extrovertida, que se define pela absorção objetiva do mundo externo. Ou seja, como função de percepção, ela se dedica a absorver informações, apenas. Como é uma percepção extrovertida, ela absorve as coisas sem filtro intrínseco. O campo das ideias, hipóteses e especulações, portanto, chega para o INFP quase sempre aberto. Não há verdadeiro apego a nenhuma dessas ideias e elas são usadas e trocadas conforme é importante na orientação principal da função dominante.
Já a Sensação Introvertida terciária se reflete em uma tendência constante ao apego a poucas coisas que ligariam o INFP a sua autoimagem a partir de experiências que aconteceram num passado sempre passado. Ou seja, por não ser criativa, há grande dificuldade do INFP de trazer para o presente suas impressões subjetivas. O apego não é complexo nem criativo como no caso da Sensação Introvertida mais forte (xSxJ). Já se opondo ao Sentimento Introvertido dominante, o Pensamento Extrovertido inferior é sacrificado no altar da pessoalidade. Quando o processo de tomada de decisões que dá sentido ao ego é altamente pessoal, requer-se deixar de lado a objetividade e a influência de estruturas de pensamento externas ao indivíduo. Essas estruturas costumam limitar o julgamento subjetivo de certo e errado. Reprimido, o Pensamento Extrovertido inferior representa a objeção quase sistemática a estruturas que façam o INFP sentir-se limitado para criar seus julgamentos pessoais. Há um fenômeno projetivo comum, em que o Fi-dom vê como autoritárias quaisquer pessoas ou afirmações que ele sinta ofenderem seu senso de si ou de agir no mundo.
A função Sentimento toma decisões com base em princípios valorativos. O Sentimento Introvertido, portanto, cria um arcabouço altamente pessoal de valores e vontades para interagir com o mundo e tomar decisões nele. Por altamente pessoais e subjetivos, esses valores são, também, identitários. Por se tratar de um processo de tomada de decisões e estabelecimento de princípios claros, caracteriza-se como racional (de julgamento). A identidade pessoal do INFP é construída a partir de seus valores e seus valores também são construídos a partir de sua identidade, retroalimentando-se. Mais que apenas um senso de individualidade, coisa que qualquer pessoa possui, esse senso do Sentimento Introvertido é criado contra o objeto externo de forma às vezes violenta ou reativa, mas sempre direcionada para um senso de individualidade que precede qualquer coisa. Precede a exploração de coisas novas e precede o estabelecimento de gostos permanentes. O Sentimento Introvertido dominante, também, caracteriza-se pela baixa expressividade emocional, comum em quase todos os integrantes do tipo. Muitos deles, inclusive, chegam ao ponto de se considerarem altamente frios e não emocionais, embora outros têm consciência de que, ainda que sintam, a expressão desses sentimentos é bem mais interna e particular.
Tudo o que for importante na ação do INFP deve ser pessoalizado para ampliar o grau de vínculo do INFP com a situação. A rejeição a agir de forma impessoal dita as escolhas do INFP em termos de como agir com relação ao mundo. É comum que, para o bem ou para o mal, ele se coloque como um pária para decidir sobre a sociedade e sobre si mesmo, com pouco ou nenhum diálogo com o mundo externo. Por isso, para o Sentimento Introvertido, frequentemente independem questões como as expectativas das pessoas sobre eles (vistas como meramente invasivas e dignas de rejeição), manutenção da harmonia social ao custo da individualidade ou uso de critérios objetivos para definição de posição, opinião ou status. Há um frequente desdém ou bloqueio das opiniões alheias, geralmente feito de uma forma menos ativa, apenas de desligamento do objeto ou do outro. Quando os fatores mencionados possuem impacto no Fi-dominante (expectativas externas, manutenção de harmonia e critérios objetivos), costumam vir acompanhados de uma ansiedade gritante e um desconforto visceral, ou adotados de forma problemática e destrutiva, visto que costumam ser contrários ao valores do Fi-dominante, definidos pela individualidade.
Ao passo que esse individualismo gera uma independência estética importante e um senso de justiça independente, também causa características negativas. Ainda que não signifique egoísmo, a necessidade de pessoalização põe o INFP como altamente autocentrado, e essa característica se mantém mesmo em situações sociais. Com isso, o INFP também pode gerar para si uma lógica binária de heróis e vilões centrada no julgamento pessoal do Fi-dominante e descolada da realidade dos fatos. Em última instância, o INFP pode (e com frequência o faz) dobrar a realidade para que se encaixe em seus valores. Tudo aquilo que não conseguir ser dobrado é simplesmente rejeitado ou reagido. Aquilo que não se alinhar a seu arcabouço pessoalizado tem alto potencial de ser ignorado ou desmerecido, enquanto o INFP se coloca como ponto zero de todos os julgamentos.
A porta de entrada do mundo externo do INFP é a Intuição Extrovertida, que se define pela absorção objetiva do mundo externo. Ou seja, como função de percepção, ela se dedica a absorver informações, apenas. Como é uma percepção extrovertida, ela absorve as coisas sem filtro intrínseco. O campo das ideias, hipóteses e especulações, portanto, chega para o INFP quase sempre aberto. Não há verdadeiro apego a nenhuma dessas ideias e elas são usadas e trocadas conforme é importante na orientação principal da função dominante. Como a auxiliar equilibra a dominante, ela impede que o Sentimento Introvertido se torne tão violento com o mundo fora dele que rejeite até as próprias formas de transformar a si mesmo. Por outro lado, a auxiliar também funciona como sustentáculo da dominante, nesse caso fornecendo uma profusão de associações e hipóteses diferentes que serão colocadas a serviço do julgamento da função racional dominante.
Com muita frequência, tangentes antigas são abandonadas caso outras surjam que favoreçam o caminho identitário e pessoalizado do INFP. A primeira dimensão da “procura de si” pela qual o INFP obceca se dá, então, no campo da especulação da Ne. Ela não chega a ser tão criativa ou definidora do indivíduo quanto naqueles de Intuição Extrovertida dominante (ENxP), mas ainda exerce um papel fundamental na exploração de novas coisas que possam alimentar o senso de si. A desistência, nesse caso, é um fenômeno comum entre os INFP. Como sentem pouco senso de compromisso com estruturas ou objetos dando preferência à especulação e a flutuação em diferentes projetos que saltam como possivelmente interessantes, há maior tendência a desistência, ou mais precisamente, desligamento e rejeição do objeto em nome de um novo.
A Sensação Introvertida terciária costuma ser fundamental para entender o INFP e diferenciá-lo de outros tipos que podem acabar se identificando com as primeiras descrições. Ela costuma ter um papel chave na maioria dos INFP e costuma ter um grande peso, tanto para o bem quanto para o mal, mas nunca chega a ser a função mais definidora do tipo, justamente por ser terciária. Normalmente, ela tem um aspecto pueril: não muito desenvolvido, algo obsessivo, costumeiramente usado em situações lúdicas ou leves e não definidoras, a não ser quando muito obcecada e pressionada. No primeiro caso, ela se reflete em uma tendência constante ao apego a poucas coisas que ligariam o INFP a sua autoimagem a partir de experiências que aconteceram num passado sempre passado. Ou seja, por não ser criativa, há grande dificuldade do INFP de trazer para o presente suas impressões subjetivas, mantendo-as num passado nostálgico e simplista. O apego não é complexo nem criativo como no caso da Sensação Introvertida mais forte (xSxJ) e tem muitas dificuldades de trabalhar por sua eternização, mesmo estando constantemente presente. Além disso, não importa o quão intenso seja o apego aos objetos concretos, o número de objetos apegados sempre é menor que a capacidade de apego gerada pela Sensação Introvertida em posições mais altas. Todo o resto é mais vulnerável à Intuição Extrovertida auxiliar.
Opondo-se ao Sentimento Introvertido dominante, o Te-inf é sacrificado no altar da pessoalidade. Quando o processo de tomada de decisões que dá sentido ao ego é altamente pessoal, requer-se deixar de lado a objetividade e a influência de estruturas de pensamento externas ao indivíduo. Essas estruturas costumam limitar o julgamento subjetivo de certo e errado. Se isso gera positivamente a capacidade de se opor a estruturas injustas com facilidade, também gera a rejeição mesma à objetividade do conhecimento em outros momentos. Reprimido, o Pensamento Extrovertido inferior representa a objeção quase sistemática a estruturas que façam o INFP sentir-se limitado para criar seus julgamentos pessoais. Há um fenômeno projetivo comum, em que o Fi-dom vê como autoritárias quaisquer pessoas ou afirmações que ele sinta ofenderem seu senso de si ou de agir no mundo. Reagindo a esse sentimento de autoritarismo externo, o INFP pode agir de forma reativa (mais agressiva) ou simplesmente trabalhar para cortar qualquer vínculo com esse pretenso autoritarismo que lhe tolha seus julgamentos pessoais. Em certos momentos, o nível de projeção chega a ser tão grande que, ao mesmo tempo em que o INFP se blinda de qualquer afirmação que sinta autoritária, também tem tendências de autoritarismo instável incapaz de diálogo – ou mesmo de fingir diálogo, como é mais comum nos indivíduos de Pensamento Introvertido inferior, ExFJ). A mesma função que rejeita “imposições” que lhe pareçam autoritárias é aquela que impõe, no campo do indivíduo, que ninguém passe ou questione seu arcabouço valorativo.
Se menos projetada, há pelo menos um nível de ignorância do Te-inf que dificulta enormemente o trabalho em estruturas, frequentemente deixadas de lado ou porcamente contribuídas. Muitas vezes, trabalhar com essas estruturas ou normativas externas lhes é um martírio violento quando sentem que elas lhes apagam a individualidade. Há pouca adaptabilidade e pragmatismo e pouco interesse em construir coisas que durem conjuntamente com outros indivíduos. Nesse aspecto, a falta de pragmatismo não se converte em maior idealismo, como seria esperado, e simplesmente anula a capacidade de perspectiva do tipo.
Aceito o Pensamento Extrovertido como um campo de insegurança, o INFP consegue situar-se melhor em seus deveres e responsabilidades e encontrar um caminho mais verdadeiro e produtivo que alie sua necessidade de pessoalidade com a existência de estruturas e conhecimentos alheios a seu sujeito. Ficando menos incomodado com situações “autoritárias”, o INFP tem até mais capacidade para desenvolver-se como indivíduo sem precisar, para isso, reagir com pessoalidade a tudo o que lhe aparece. Parte do crescimento individual e integração de suas inseguranças para virar uma pessoa mais completa está, justamente, em aceitar que, eventualmente, o mundo externo oferece outras possibilidades de crescimento.
Por ser um dos tipos com mais identificações equivocadas, o tipo INFP acabou se transformando em um dos estereótipos mais genéricos, confusos e equivocados da tipologia. Em última instância, ele se resume a uma coleção sem fundamento sobre “fofura”, “sensibilidade” e “sentimentalismo”, mas inclusive muitos INFP se afastam radicalmente dessas duas palavras: a introversão do sentimento faz muitos se sentirem frios e serem muito pouco expressivos emocionalmente. O ponto da “fofura” é ainda pior. É mais comum entre pessoas de outros tipos, principalmente usuários de Sentimento Extrovertido (xxFJ). São eles também mais expressivos emocionalmente e mais capazes de se adaptar em nome do entendimento de relações, ou seja, serem mediadores. O estereótipo do tipo é tão gritantemente equivocado que, no negativo e no positivo, chegam a associá-lo a transtornos psicológicos, sentimentalismo exacerbado, timidez, ingenuidade e hipersensibilidade genéricas, além de uma também genérica romantização ou passividade. Tudo isso e genérico a ponto de qualquer pessoa poder se identificar.
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