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ESFP

É fácil dizer do ESFP como o tipo mais vivo, não apenas por seu alto grau de consciência das coisas à sua volta como elas são e do próprio mundo, mas por sua tendência clara de viver, apesar de tudo, a despeito de tudo, e fruir da vida em tudo o que ela pode oferecer. Sejam quais forem os campos que interessarem ao ESFP, da expressão corporal às artes plásticas, à leitura, à música e aos estudos, o ESFP possui uma abordagem ao mesmo tempo objetiva e bastante orientada para aproveitar as experiências que esses interesses proporcionam em seu máximo. Para isso, o ESFP costuma saber muito bem o que quer, o que lhe interessa e quais assuntos ou interesses que mais o seduzem, e vai atrás deles com objetividade, clareza e senso de si. Essa orientação se dá pelas funções cognitivas: Sensação Extrovertida (Se) dominante, Sentimento Introvertido (Fi) auxiliar, Pensamento Extrovertido (Te) terciário e Intuição Introvertida (Ni) inferior.

A estrutura de percepção da Sensação Extrovertida dominante parte do mundo concreto para terminar no mundo concreto, em tudo o que ele oferece. A Sensação Extrovertida se dedica às coisas pelo que elas são, em toda a sua intensidade e simplicidade. Para a Se-dominante, os fatos são os fatos. É costume, justamente por isso, o ESFP sentir que diz “o que precisa ser dito” ou que lida as coisas como elas são. De fato, os ESFP têm facilidade com essas duas coisas. Por causa disso, a Se-dom frequentemente se orgulha em ser direta. Muito da Sensação Extrovertida dominante gira em torno de aproveitar oportunidades. A função racional introvertida do ESFP, o Sentimento Introvertido, dita seu arcabouço de princípios, o impulsiona em suas vontades e facilita a compreensão dos próprios sentimentos e valores. Além disso, pode restringir as tendências oportunistas da Se e criar alguma coerência interna, com reflexos externos, no que a pessoa quer para si e o que quer para o mundo. Bem regulado, o Sentimento Introvertido cria uma bússola moral e identitária que orienta a exploração aberta dos ESFP: fruir do mundo e aproveitar suas oportunidades tem limites (autoimpostos) relacionados a seus valores, e mesmo suas próprias vontades de seguir uma vida autêntica. Isso pode, também, levar a uma atitude confortativa por parte de muitos ESFP.

O Pensamento Extrovertido terciário pode trazer um ímpeto pueril de vínculo com estruturas e decisões com base em métodos objetivos. Isso pode acontecer de uma forma meio obsessiva, mas muito simplista, de cobrar das estruturas que se torçam às suas vontades, ou em uma imposição firme, mas por vezes mandona e simplista, de argumentos pretensamente universais, mas geralmente usados apenas na satisfação da dominante. Conforme mais trabalhado e bem utilizado, o Pensamento Extrovertido pode balancear os ímpetos pessoalizados da função Fi-auxiliar e trazer um impressionante pragmatismo Se+Te. Contudo, para alguém que se deleita e orienta tanto pela factualidade, escapa-lhe justamente o que escapa à realidade, o que está por baixo e os símbolos extraídos para além da realidade factual. Quando a tendência do ESFP caminha para reprimir completamente a Ni-inferior, há a tendência a classificar qualquer tipo de reflexão mais aprofundada como “bobagem”, “viagem” ou simplesmente desnecessária. Por vezes, a Intuição Introvertida inferior é manifestada na ideia de destino. Nesses casos, é bastante comum um pensamento megalomaníaco ou apegado a manifestações “extrafísicas” vivenciadas ou não pela pessoa.

Quais são as funções do ESFP?

A estrutura de percepção da Sensação Extrovertida dominante parte do mundo concreto para terminar no mundo concreto, em tudo o que ele oferece. Ao passo que todas as funções de percepção podem ser vistas como algum tipo de prisma que absorve coisas específicas e formas específicas de ver o mundo, de certa forma a Se pode ser considerada o anti-prisma, ou o menor dos filtros que distorceriam a visão da realidade. Isso porque a Sensação Extrovertida se dedica às coisas pelo que elas são, em toda a sua intensidade e simplicidade. Há uma percepção dos fatos e da própria existência que podem fazê-lo se sentir parte de um mundo, ou mesmo perceber com mais clareza as vontades e desejos do corpo. Isso não implica necessariamente maior habilidade ou capacidade corporal: a objetividade da Se-dominante se apresenta de formas diferentes. Uma delas, de fato, pode ser o apreço pela dança, pela expressão corporal, pelas artes do corpo, pela moda e pelos esportes, mas nada disso é definidor da objetividade ou da projeção corporal possíveis no ESFP. Sem firulas desnecessárias, para a Se-dominante os fatos são os fatos. É costume, justamente por isso, o ESFP sentir que diz “o que precisa ser dito” ou que lida as coisas como elas são. De fato, os ESFP têm facilidade com essas duas coisas.

 

Por causa disso, a Se-dom frequentemente se orgulha em ser direta. Como os fatos estão lá porque estão, resta lidá-los mais cedo ou mais tarde, de preferência mais cedo. Isso gera, ao mesmo tempo, uma preferência por abordagem direta, mas adaptável. Ainda que haja facilidade em agir sem rodeios, a adaptabilidade à situação concreta também produz criatividade em entender o objeto concreto e agir da forma que a situação pede. Nesse sentido, muito da Sensação Extrovertida dominante gira em torno de aproveitar oportunidades. Ao ver a situação concreta, ela pode mais facilmente escolher se fundir a ela ou enfrentá-la, usando, de qualquer forma, uma abordagem bastante criativa para o que o objeto concreto oferecer. Paradoxalmente, a criatividade no uso da função Se também vem com o paradigma da simplicidade, muito comum entre os Se-dominante. Por preferirem o direto, o claro e o concreto, há também uma preferência por simplicidade nas suas estratégias, e é daí que o ESFP tira sua criatividade em lidar com o objeto.

Casado com essa adaptabilidade está o motivo que a gera: a função dominante do ESFP o seduz para a realidade e para as oportunidades que lhe aparecem. Perceber essas oportunidades, o som, o gosto, o brilho que o concreto traz seduz o Se-dominante a se engajar com ele. Isso pode ou não se manifestar em atividades corporais, mas sempre há um substrato de sedução do concreto. Uma pista de dança, uma praia, uma boa música, um livro interessante ou outras experiências diretamente intensas costumam dar ao ESFP a sensação de fruir da vida e aproveitar sua intensidade. No ESFP, isso acontece com grande frequência. Por outro lado, no entanto, essa sedução pelas oportunidades pode gerar constantes ações impulsivas, possível oportunismo (reduzido pela função auxiliar) e uma possível visão muito centrada nas próprias experiências, que é capaz de deslegitimar abordagens menos diretas, vistas como desnecessárias, incompetentes, lentas demais ou pouco adaptáveis.

A função racional introvertida do ESFP, o Sentimento Introvertido, dita seu arcabouço de princípios, o impulsiona em suas vontades e facilita a compreensão dos próprios sentimentos e valores. Além disso, pode restringir as tendências oportunistas da Se e criar alguma coerência interna, com reflexos externos, no que a pessoa quer para si e o que quer para o mundo. Bem regulado, o Sentimento Introvertido cria uma bússola moral e identitária que orienta a exploração aberta dos ESFP: fruir do mundo e aproveitar suas oportunidades tem limites (autoimpostos) relacionados a seus valores, e mesmo suas próprias vontades de seguir uma vida autêntica. “Ser quem se é”, para os ESFP, ganha contornos importantes e interessantíssimos: se querem explorar o objeto pelo que ele oferece, também querem associar isso a uma forma genuína, autoexpressiva e pessoal de ser que garanta que seus valores sejam levados em conta.

Isso pode, também, levar a uma atitude confortativa por parte de muitos ESFP. Se há tendência a abordagens diretas, por vezes até corporais, e certeza de seguir seu próprio caminho e ser verdadeiros consigo mesmo, muitos possuem facilidade em se sentir fazendo justiça com a própria voz, justiça tanto para si mesmos quanto para seus valores. Quando esses valores coincidem com uma ideia de justiça social, isso é muito visível na costumeira postura combativa que entende a realidade e os fatos, e vê qual parte dela pode ser aproveitada, e qual deve ser combatida. Frequentemente, o ESFP pode inclusive saber aproveitar a realidade ao mesmo tempo em que segue na luta por alguns de seus interesses. Em outros casos, o ESFP pode desconsiderar ou não se importar com grandes lutas, e preferir seguir sua vida, seus ideais e sua vontade de fruir da situação ao máximo.

O Pensamento Extrovertido terciário traz a capacidade de, se bem trabalhado e presente no indivíduo, fazer do ESFP o tipo mais pragmático e objetivo de todos. Até lá, ele tem manifestações menos claras e mais pueris. O ímpeto de vínculo com estruturas e decisões com base em métodos objetivos faz o ESFP, por vezes, apenas tentar de forma infantil a concretização de suas vontades e desejos criados pela função dominante. Isso pode acontecer de uma forma meio obsessiva, mas muito simplista, de cobrar das estruturas que se torçam às suas vontades, ou em uma imposição firme, mas por vezes mandona e simplista, de argumentos pretensamente universais, mas geralmente usados apenas na satisfação da dominante. Se ganhar um pouco mais de independência, o Te-terciário pode encorajar o ESFP a aprender coisas e métodos direcionados à conquista de seus objetivos pessoais, muitas vezes relacionados ao uso de estruturas impessoais (como o dinheiro ou a meritocracia) e a possibilidade de aprender temas como finanças ou administração na proposta de ampliar seu sucesso e, consequentemente, chegar a seus interesses de conquista do objeto.

Conforme mais trabalhado e bem utilizado, tanto de forma independente como em cooperação com a função dominante, o Pensamento Extrovertido pode balancear os ímpetos pessoalizados da função Fi-auxiliar e trazer um impressionante pragmatismo, que alia a adaptabilidade e objetividade da Se-dominante com o uso de estruturas universais e a também (mas diferente) objetividade do Te. O grau de pragmatismo e direcionamento ganhados pelo ESFP permitem uma grande orientação aos objetivos e um pensamento de solidez corporal em nome de seus interesses.

Para alguém que se deleita e orienta tanto pela factualidade, escapa-lhe justamente o que escapa à realidade, o que está por baixo e os símbolos extraídos para além da realidade factual. A função inferior, reprimida, pode aparecer, então, manifestada em diferentes formas, e apenas uma delas tenta ignorar os símbolos ou reflexões abstratas como um todo. Quando a tendência do ESFP caminha para reprimir completamente a Ni-inferior, há a tendência a classificar qualquer tipo de reflexão mais aprofundada como “bobagem”, “viagem” ou simplesmente desnecessária. Nesses casos (comuns principalmente em Se-dom mais novos), existe uma rejeição do campo abstrato e de qualquer coisa que fuja à experiência concreta. É comum que Se-dom assim classifiquem suas próprias experiências como as mais intensas, as mais interessantes ou as mais divertidas. Em último grau, são as “mais verdadeiras” porque foram as experiências concretas que eles vivenciaram, ao passo que outras pessoas, com menos resiliência ou diferente percepção da realidade, podem ser minimizadas pela própria rejeição do ESFP em compreendê-las. Se é viagem demais, bastam duas palavras para rejeitar esse tipo de experiência subjetiva.

Em casos menos extremos e menos infantilizados, o ESFP consegue aceitar sua insegurança no campo da Intuição Introvertida e apreciar a capacidade de outras pessoas traçarem reflexões subjetivas que fujam ao concreto, não apenas aqueles com Intuição Introvertida alta. Por vezes, a Intuição Introvertida inferior é manifestada na ideia de destino. Há aqueles ESFP que entram em guerra com essa ideia, rejeitando o que pensam ser o destino e preferindo se jogar ao que o mundo oferece. Outros, no entanto, lidam melhor (mas de uma forma ainda instável). Nesses casos, é bastante comum um pensamento megalomaníaco ou apegado a manifestações “extrafísicas” vivenciadas ou não pela pessoa. Qualquer tipo de “vibe” inexplicável é convertida em uma espécie de “intuição” (não no sentido jungiano) que explicaria ou preveria as coisas. Esses Se-dom também podem se ver radicalmente espiritualizados a partir das experiências consideradas extrafísicas. Alguns se apegam a pequenas e simples formas de lidar com isso, como por meio de simpatias ou outras formas de “magia”, ao mesmo tempo se afastando de um grande, complexo e coerente sistema espiritual, mas flertando com a ideia do extrafísico. Outros abraçam seus pensamentos megalomaníacos (sejam espirituais ou não) e admitem constantemente se pegar sonhando em ser presidentes, sacerdotes ou coisa similar, mas diferenciam radicalmente esses sonhos de sua vivência concreta, reconhecendo-os como pouco práticos.

Em última instância, se a Intuição Introvertida estiver em grande evidência, ela pode se manifestar em uma tentativa torpe e problemática de encarnar ou lidar com símbolos e abstrações. O ESFP, geralmente acostumado em ser direto e factual, pode acabar se considerando alguém que prevê o futuro, ou que vive especulando grandiosidades, sem saber de fato articulá-las ou ser capaz de justificar, a partir de símbolos e arquétipos, suas impressões. O ESFP, então perde boa parte de sua capacidade de adaptar e entender o mundo concreto, sucumbindo a ideologias, previsões ou especulações megalômanas, podendo facilmente cair em conspiracionismo, comprando sistemas de ideias e hipóteses de outras pessoas, e divulgando-as como se fossem a realidade. Sem perceber, sua habilidade de pragmatismo cai por terra e ele se vê dedicado mais a um mundo abstrato que não lhe cai bem, mas, naquele momento, lhe é a realidade.

COMBATENdO ESTEREÓTIPOS

Impulsividade vs. Criatividade

Os exemplos queridos de ESFP costumam ser colocados erroneamente em outros tipos, já que se cultiva uma imagem exagerada e negativa do tipo. No ponto da impulsividade, o problema é o exagero. Não é que não haja ESFPs impulsivos, animados e até incômodos em seu engajamento com o mundo (alguns, na verdade, se orgulham disso), mas reduzir o tipo a seus exemplos extremos é desserviço. Tira-se inclusive a grande criatividade de que ESFP são capazes. Pintá-los apenas como pessoas sem complexidade, sem capacidade de pensar no futuro e dedicados apenas em tomar ações impulsivas é um reducionismo simplesmente incorreto. ESFP são capazes de pensar no futuro e constantemente o fazem. Da mesma forma, muito poucos ESFP são alegres o tempo todo, e criar esse tipo de imagem dá a entender que eles não experimentam tristeza, depressão ou outros sentimentos negativos.

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