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ISFJ

Para além dos muitos e muitos adjetivos que poderiam caracterizar o ISFJ, talvez aquele em que ele mais se destaque seja “dedicado”. O ISFJ é possivelmente o tipo mais devoto de todos, não necessariamente no sentido religioso, mas sim de se entregar de corpo e alma a tudo o que suas impressões pessoais criam em uma visão única do mundo. Ao mesmo tempo em que essa impressão única das coisas pode fazer o mundo parecer grande com frequência, é dela que o ISFJ cria sua dedicação a pequenas e grandes coisas, que ele tenta eternizar de forma quase divina. Dessa visão quase poética, o ISFJ extrai sua dedicação e sua força para criar e trabalhar junto dessa impressão criada dos acontecimentos, não pelo que eles são, mas pelo que eles valem, e as coisas recebidas assim simplesmente não têm preço. Essa visão e engajamento valorativo se traduzem nas funções Sensação Introvertida (Si) dominante, Sentimento Extrovertido (Fe) auxiliar, Pensamento Introvertido (Ti) terciário e Intuição Extrovertida (Ne) inferior.

A visão particular de mundo dos ISFJ vem de sua função dominante, irracional e introvertida: a Si. Como função de percepção, a Si absorve do mundo as informações e trabalha primariamente com ela: observando e contemplando aquilo que lhe for mais particular. No caso da Si, existe uma valorização intrínseca das coisas concretas que são absorvidas pelo indivíduo: fatos, acontecimentos, sons, cheiros, músicas, objetos e quaisquer outras coisas que ganhem concretude aos olhos do ISFJ. Diante desse arcabouço de vivências que cravam um papel subjetivo no indivíduo, todas essas coisas ganham dimensões surpreendentes: a foto não é simplesmente a foto, o sabor não é simplesmente o sabor e a casa não é simplesmente a casa. Já o Sentimento Extrovertido é o principal eixo de tomada de decisões do tipo, por ser função de julgamento, e o faz sob uma perspectiva valorativa. Embora não tanto quanto acontece nos tipos de Sentimento Extrovertido dominante, o Fe também garante algo de adaptabilidade, ao mesmo tempo que vontade de influenciar o ambiente valorativo no qual está inserido. Isso imbui o ISFJ com um senso de justiça geralmente mais universalizado, em que boas ações benéficas a todos são a principal pauta. Em geral, o Sentimento Extrovertido auxiliar dos ISFJ caminha na direção de advogar por gentileza, consentimento, harmonia e diplomacia, embora nem sempre isso aconteça.

O Pensamento Introvertido, por sua vez, coloca o ISFJ em contato com a coerência de seus discursos e premissas, e com uma tomada de decisão mais independente dos valores que vêm de fora. Ele equilibra o eixo de julgamento e facilita a tomada de decisões impessoais do ISFJ. Por ser pueril, o Ti-tert pode preferir o entendimento de sistemas ou mesmo a adoção desses sistemas lógicos no cotidiano para usos bem curiosos, na maioria das vezes em situações menos centrais na vida do indivíduo, como interesses, hobbies e situações informais. Enfim, quando se se dedica tanto às experiências concretas que buscam ser eternizadas ao máximo, sacrifica-se a capacidade de explorar novas ideias e hipóteses sem filtro. A Intuição Extrovertida, função da especulação e da exploração de projetos e ideias como forma de vida, é abdicada em nome do apego a algumas experiências muito, muito mais importantes para o ISFJ. No plano macro, a renúncia à Intuição Extrovertida dificulta ao ISFJ ver diferentes saídas para as situações que encontra, o que dialoga com o apego frequente que possui a diferentes coisas, mesmo àquelas não saudáveis.

Quais são as funções do ISFJ?

A visão particular de mundo dos ISFJ vem de sua função dominante, irracional e introvertida: a Si. Como função de percepção, a Si absorve do mundo as informações e trabalha primariamente com ela: observando e contemplando aquilo que lhe for mais particular. No caso da Si, existe uma valorização intrínseca das coisas concretas que são absorvidas pelo indivíduo: fatos, acontecimentos, sons, cheiros, músicas, objetos e quaisquer outras coisas que ganhem concretude aos olhos do ISFJ. Diante desse arcabouço de vivências que cravam um papel subjetivo no indivíduo, todas essas coisas ganham dimensões surpreendentes: a foto não é simplesmente a foto, o sabor não é simplesmente o sabor e a casa não é simplesmente a casa. Todas as coisas subjetivamente filtradas pela Sensação Introvertida ganham contornos quase “mágicos”, simplesmente por serem valorizados como especiais pelo indivíduo. Em face disso, o mundo ganha um significado especial na medida em que o ISFJ consegue interagir e manter essas coisas que lhe importam. É aí que nasce a devoção que é característica aos Si-dominantes.

Embora muitos sejam, de fato, religiosos, generalizar isso para todos os Si-dominantes apenas pela ideias de “devoção” é errôneo. Essa devoção se dá a coisas e situações concretas que devem ser eternizadas pelo importante que são, e levam anos e anos valorizadas pelo indivíduo, podendo ter caráter religioso e espiritual ou não. A abordagem, de qualquer forma, se dá em absorver o que quer que sejam as coisas que enervam-lhe a Sensação Introvertida e buscar mantê-las, pelo simples motivo de que elas lhe fazem bem. Há uma tendência de simplicidade nos detalhes e nas palavras que façam bem ao ISFJ e, com isso, quase todas as coisas que ganham a bênção da Sensação Introvertida são favorecidas para serem mantidas, custe o que custar, e daí surge um paradigma de estabilidade para os ISFJ. Essa estabilidade buscada pode ser muito variada, mas sempre existe algo bem crucial na vida do ISFJ para ser preservado e devotado.

Por outro lado, toda essa percepção única e sutil das coisas gera um fenômeno específico: o de que o mundo por vezes cresce sobre o indivíduo, ficando intimidante ou demasiado, simplesmente porque nem sempre é possível absorver todas as coisas importantes de uma vez. Isso costuma fazer com que os ISFJ prefiram abordagens relacionadas à singeleza e à delicadeza, dando algum tipo de “sabor” ao seu ambiente. Ao mesmo tempo, essa vontade de manter coisas concretas que lhe são importantes, no ponto negativo, podem contribuir para intransigências e dificuldade em largar coisas que lhe fazem mal, além de frequentes passividades e, às vezes, rigidez e recusa a novas abordagens ou perspectivas.

Primeira função racional e orientada para o objeto do ISFJ, o Sentimento Extrovertido é o principal eixo de tomada de decisões do tipo, e o faz sob uma perspectiva valorativa. Em sua posição auxiliar, o Fe funciona principalmente como um apoio, uma âncora e um balanceamento para a função dominante. Ele serve como o principal polo de diálogo com o mundo externo, ancora a percepção dominante com a função de julgamento para que o ISFJ seja capaz de tomar decisões sem cair em mera contemplação das coisas concretas a que é apegado. Embora não tanto quanto acontece nos tipos de Sentimento Extrovertido dominante, o Fe também garante algo de adaptabilidade, ao mesmo tempo que vontade de influenciar o ambiente valorativo no qual está inserido. Isso imbui o ISFJ com um senso de justiça geralmente mais universalizado, em que boas ações benéficas a todos são a principal pauta.

Como auxiliar, o Fe costuma adquirir contornos mais simples, que satisfaçam os anseios da função dominante. Em geral, o Sentimento Extrovertido auxiliar dos ISFJ caminha na direção dia advogar por gentileza, consentimento, harmonia e diplomacia, embora nem sempre isso aconteça. Como subordinado a uma dominante que tende à contemplação e à manutenção do concreto, a função vai ser menos livre e mais atrelada ao senso de identidade criado pela Sensação Introvertida. No entanto, caso seja trabalhada e ganhe mais liberdade, o Fe-auxiliar pode aumentar a adaptabilidade e o diálogo do ISFJ com outras realidades, moralidades e valores diferentes, passando de uma gentileza geral para um engajamento maior, mas também bastante carismático, com os rumos valorativos dos ambientes e grupos em que se encontra. Em grande medida, o Fe-auxiliar traz uma perspectiva ou capacidade significativamente sociável para o ISFJ, embora sejam poucos que se vejam naturalmente assim, justamente por terem consciência de seu vasto mundo introvertido no qual criam suas impressões e devoções.

O Pensamento Introvertido coloca o ISFJ em contato com a coerência de seus discursos e premissas, e com uma tomada de decisão mais independente dos valores que vêm de fora. Ele equilibra o eixo de julgamento e facilita a tomada de decisões impessoais do ISFJ. Para isso, no entanto, o ISFJ deve conseguir entrar em contato com o Ti, como acontece com qualquer função terciária. Em grande medida, o Pensamento Introvertido pouco conectado com o ISFJ costuma trazer uma abordagem pueril para a precisão conceitual e lógica, algo simplista, mas ao mesmo tempo constantemente obsessiva. Nesse aspecto do Pensamento Introvertido terciário, o entendimento de sistemas ou mesmo a adoção desses sistemas lógicos no cotidiano pode atingir usos bem curiosos, na maioria das vezes em situações menos centrais na vida do indivíduo, como interesses, hobbies e situações informais. Um ISFJ pode se entreter refinando um conhecimento sobre seu hobby a um nível bastante específico, ou mesmo teórico, mas não fazer disso um grande sistema de compreensão ou orientação no mundo.

Conforme o Ti-terciário ganha corpo e presença na vida do indivíduo, o ISFJ passa a ser um dos tipos com maior capacidade técnica de todos. Isso porque ele alia o olhar detalhista e concreto da dominante com a adoção de premissas e sistemas impessoais, e o gosto por tais sistemas. Mesmo que seja um conjunto subjetivo, essa aliança entre a precisão clínica que a Si pode oferecer e a compreensão de sistemas que fazem sentido da função terciária permite uma criação de sólidos princípios técnicos sobre os quais o ISFJ consegue se orientar e compreender o mundo. A visão particular de mundo, geralmente algo idealista ou meio romantizada, reforça seu lado factual e permite ao ISFJ comentar com mais imparcialidade e precisão técnicas em áreas necessárias da vida, mesmo fora do ambiente profissional. Há uma capacidade de olhar clínico para as situações, bastante subjetivo, mas também preciso. Articular toda e essa capacidade técnica com a devoção comunitária comum ao ISFJ permite a adoção de ações corretas com seriedade e menor influência externa.

Quando se se dedica tanto às experiências concretas que buscam ser eternizadas ao máximo, sacrifica-se a capacidade de explorar novas ideias e hipóteses sem filtro. A Intuição Extrovertida, função da especulação e da exploração de projetos e ideias como forma de vida, é abdicada em nome do apego a algumas experiências muito, muito mais importantes para o ISFJ. No plano macro, a renúncia à Intuição Extrovertida dificulta ao ISFJ ver diferentes saídas para as situações que encontra, o que dialoga com o apego frequente que possui a diferentes coisas, mesmo àquelas não saudáveis. Embora constantemente preocupados com seu futuro e engajados em construí-lo, a Ne-inferior dos ISFJ dificulta que se vejam em outro caminho que não aquele favorecido em ser mantido pela Sensação Introvertida. Com isso, o abandono de ideias é frequente, mas, diferentemente daqueles com Ne mais alta, esse abandono é antes que elas sequer comecem. Ou porque são irrealistas, ou simplesmente por serem menos importantes que aquilo que foi valorizado concretamente pela Si-dominante. Esse movimento de repressão da Intuição Extrovertida inferior a relega para um campo inconsciente, sem grande impacto e dificultando situações de transformação das ideias ou perspectivas do indivíduo.

Se muito inconsciente ou reprimida, a função inferior pode acabar irrompendo de uma forma bastante negativa. Ela passa a criar apenas hipóteses catastróficas para vários dos acontecimentos futuros, tanto do futuro próximo quanto do distante. O ISFJ pode inclusive perder muito de sua factualidade em nome de conspirações diversas baseados em fatos que não existem, ou simplesmente cair em paranoias variadas para cada futuro ou consequência possível que seja diferente das suas impressões sobre vivências prévias. Note-se que isso não tira do ISFJ sua preocupação ou seu pensamento no futuro, que é constante e frequente em quase todos os membros desse tipo, apenas que gera especulações cada vez mais negativas e repressoras do próprio indivíduo. Em último grau, a Ne-inferior pode acabar explodindo em uma busca exagerada por transformar suas experiências e projetos sem nenhum apego à factualidade ou à praticidade. Este momento pode até, de fato, trazer transformações e aprendizados para o ISFJ, mas é feito às custas do sacrifício de coisas que de fato eram importantes e saudáveis para que o ISFJ mantivesse sua devoção característica.

Se o ISFJ adquire um contato minimamente saudável e não repressor de sua função inferior, as hipóteses e ideias que chegam do mundo objetivo ganham dimensões menos agressivas para o mundo introvertido do ISFJ. O ISFJ pode entender melhor a necessidade de abertura para mudanças, até mesmo aquelas que cheguem rápido demais, embora isso continue não sendo fácil para ele. Existe apenas o reconhecimento da insegurança no campo das especulações de ideias sem âncora na realidade e de como elas afetariam o indivíduo, e o reconhecimento da preferência por manter gostos e interesses por mais tempo, degustados aos poucos pela Sensação Introvertida dominante, que costuma preferir menos estímulos a cada vez, e investir em mudanças mais graduais que não ofereçam tanto risco à dita manutenção.

COMBATENdO ESTEREÓTIPOS

Progressistas ou conservadores?

Muitas ideias errôneas, exageradas ou simplistas são cultivadas sobre os ISFJ. Geralmente, eles são colocados como necessariamente submissos, sem personalidade, conservadores, bitolados, certinhos e sem-graça num geral. Essa, claramente, é uma leitura equivocada. A partir do momento em que um tipo é classificado como “sem personalidade”, fica quase impossível que alguém em busca de sua personalidade na tipologia se identifique. Longe disso, a Si-dominante traz, exatamente, um senso de si muito arraigado a coisas bem específicas, o que por si só já demonstra a grandeza da visão única de mundo que cada ISFJ tem. Isso vem junto com a desmistificação do tipo como “conservador”. Não somente muitos ISFJ são de fato progressistas, é sempre importante lembrar que tipologia não define inclinação ideológica. Da mesma forma, ISFJ podem e frequentemente são imaginativos, especialmente na sua relação subjetiva com os fatos, o que muitas vezes os engrandece.

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