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ESTP

O ESTP costuma ser tido como o tipo prático por sua capacidade de extrair do mundo externo as próprias ferramentas para nele continuar engajando e fruindo. Para o ESTP, dotado de uma grande capacidade tática, usar é aprender e aprender é usar. O ESTP direciona seu entendimento impessoal do mundo, que pode inclusive ser bastante teórico, com o objetivo explícito de engajar com o mundo e dele extrair oportunidades, situações interessantes e experiências intensas. A via de mão dupla entre experimentar/aplicar e entender/desenvolver é alta no ESTP, que pode se lançar em empreitadas arriscadas ou apenas preferir experimentar seus interesses com mais calma, mas necessariamente tem uma grande relação com o desenvolvimento de práticas ou entendimentos sobre o mundo externo e seu uso e aproveitamento. Para a maioria dos ESTP, a prática só tem razão quando permite aproveitar a realidade, ou, dependendo, entendê-la e experimentá-la pelo que ela é, em todo o seu oferecimento e intensidade. O faz a partir das funções: Sensação Extrovertida (Se) dominante, Pensamento Introvertido (Ti) auxiliar, Sentimento Extrovertido (Fe) terciário e Intuição Introvertida (Ni) inferior.

Para a Sensação Extrovertida, as coisas são o que elas são. O objeto externo é percebido de forma crua, e os indivíduos com Se-dominante têm a sensação e preferência por tratar deles assim como o percebem: sem firulas, sem pontos desnecessários. Isso pode se aplicar a uma variedade de áreas: da forma como a pessoa lida com sua comida e seus gostos à forma como a pessoa lida com seus interesses acadêmicos e relações. O objeto, em troca, também seduz o próprio indivíduo a se vincular com ele, a extrair o potencial máximo das situações e das oportunidades. Diferentes objetos podem exercer o poder de sedução que atrai o ESTP, mas eles costumam operar numa lógica de “mais é melhor”: de animes, filmes, livros e história a culinária, sinuca, esportes, sedução e finanças. Por sua vez, como auxiliar, o principal efeito que o Pensamento Introvertido traz ao ESTP é criar uma racionalidade técnica que ligue o indivíduo a um sistema de compreensão do mundo. Isso se dá porque o Ti, como processo de tomada de decisão com base em lógica subjetiva, cria sistemas impessoais de escolha e julgamento (função racional) que compelem o ESTP a desenvolver esse sistema para reforçá-lo e, por conseguinte, criar um método mais preciso e impessoal de decisão no mundo.

Uma segunda forma de contato com o mundo externo, o Sentimento Extrovertido se orienta para valores externos e expectativas de adequação associadas a eles. Em sua posição terciária, pueril e simplista, ele costuma encarnar o papel de provocador dos valores externos como forma de interação social infantil. Como essa relação pueril com os valores está subordinada à exploração das oportunidades concretas da Sensação Extrovertida, ela costuma ter um fim para além de si mesma. Se melhor trabalhado, o Fe-tert do ESTP pode ser capaz de imbuir o tipo de um charme envolvente e preocupação sociais para além do oportunismo ou do simplismo. No caso da inferior, entender a realidade pelo que ela é, em sua totalidade e simplicidade, sacrifica, de qualquer forma, aquilo que é intangível: as interpretações subjetivas e simbólicas, vistas como irreais, desnecessárias, complicando coisas simples ou simplesmente não factuais. A rejeição ao simbólico e suas interpretações subjetivas leva a uma perspectiva demasiado centrada nas experiências físicas do indivíduo pelo que elas eram. De qualquer forma, a Ni pode prover a todos os ESTP algum tipo de sonho ou pensamento megalomaníaco, geralmente usado para insuflar a interação com o concreto e impulsioná-lo em suas empreitadas.

Quais são as funções do ESTP?

Para a Sensação Extrovertida, as coisas são o que elas são. O objeto externo é percebido de forma crua, e os indivíduos com Se-dominante têm a sensação e preferência por tratar deles assim como o percebem: sem firulas, sem pontos desnecessários. Isso pode se aplicar a uma variedade de áreas: da forma como a pessoa lida com sua comida e seus gostos à forma como a pessoa lida com seus interesses acadêmicos e relações. Seja como a Sensação Extrovertida se manifestar nessas áreas, o indivíduo se relaciona com elas da forma mais direta possível. O objeto, em troca, também seduz o próprio indivíduo a se vincular com ele, a extrair o potencial máximo das situações e das oportunidades. O ESTP, assim, se destaca por um vínculo intenso e/ou bem objetivo com quaisquer campos do mundo que o interessem.

A realidade, então, oferece pontos interessantes justo pelo que ela é, e a Se-dominante se baseia em explorá-la. Diferentes objetos podem exercer o poder de sedução que atrai o ESTP, mas eles costumam operar numa lógica de “mais é melhor”: mais sabor, mais energia, mais força, etc. Essa tendência acontece em qualquer campo de interesse do ESTP: de animes, filmes, livros e história a culinária, sinuca, esportes, sedução e finanças. Alguns ESTP que, de alguma forma, reduzem essa necessidade de intensidade, ainda assim canalizam a energia de sedução do concreto (lida aqui como a atração que o mundo concreto faz no indivíduo) para algum lugar. As possibilidades concretas, mesmo variadas, não costumam obstruir a mente do ESTP como se fossem “hipóteses a serem testadas”. Ainda que a realidade ofereça uma sedução a ser explorada, é mais comum que o ESTP engaje em cada um de seus projetos como um todo, para aproveitar o máximo de cada um. Suas empreitadas são feitas quando oferecem oportunidades de se extrair algum ganho. É comum, nesse caso, que ESTP se lancem em empreitadas ou empreendimentos que conciliem seus interesses com sua visão de oportunidades, mas a inconsistência de perder o interesse fácil é menos comum.

A sedução, claro, e a própria vontade de ser direto e sem rodeios, pode gerar impulsividade esporádica no ESTP, ao mesmo tempo em que favorece um carisma corporal latente. No caso da impulsividade, ela acontece quando o ESTP se vê bastante envolvido com os estímulos do mundo concreto, e pode acontecer também quase uma “impulsividade de longo prazo”, na qual o Se-dom, por extrovertido, se vê estimulado por um objeto por tanto tempo que a lógica do “mais e mais” obscurece sua visão para outros ganhos ou interesses. De certa forma, o pensamento oportunista, nesse caso, pode chegar ao pico. Além disso, a Se-dominante, em termos negativos, pode ser vista como inconveniente para algumas pessoas que se sintam invadidas com a corporalidade do ESTP, e pode levar a um pensamento limitado por suas próprias experiências, incapaz de transcender ao que é visto como “desnecessário” ou “viagem” pela Se-dominante.

O principal efeito que o Pensamento Introvertido traz ao ESTP é criar uma racionalidade técnica que ligue o indivíduo a um sistema de compreensão do mundo. Isso se dá porque o Ti, como processo de tomada de decisão com base em lógica subjetiva, cria sistemas impessoais de escolha e julgamento (função racional) que compelem o ESTP a desenvolver esse sistema para reforçá-lo e, por conseguinte, criar um método mais preciso e impessoal de decisão no mundo. No entanto, por estar auxiliando a função dominante, exploratória e de percepção, seu papel, mesmo criativo, costuma limitar-se às funções de suprimento e âncora, reservando a prioridade à Sensação Extrovertida. Assim, a prioridade do ESTP não é dar sentido técnico ao seu mundo, e sim usar seu sistema de lógica e técnica no campo da experiência concreta, ou da apreciação dos dados pelo que eles são.

O Ti, portanto, contribui para a dialética da prática entre compreender e usar. O ESTP compreende usando e usa compreendendo, construindo sentido junto com o objeto e se adaptando às suas necessidades. Ao mesmo tempo, existe uma âncora na exploração do ESTP, que seria desenfreada caso ela não atuasse: o ESTP estabelece suas prioridades (secundárias à exploração) por meio do que lhe faz sentido subjetivo e impessoal. Essa compreensão subjetiva de mundo, além de ser usada para orientar a exploração e fornecer ferramentas técnicas para tomada de decisão do ESTP, equilibra a exploração do concreto de uma forma mais funcional e sistematizada. É o Pensamento Introvertido auxiliar que completa a preferência do ESTP pela tática, ao invés da estratégia, e da adoção de diferentes ferramentas e oportunismos conforme as necessidades aparecem.

Uma segunda forma de contato com o mundo externo, o Sentimento Extrovertido se orienta para valores externos e expectativas de adequação associadas a eles. Em sua posição terciária, pueril e simplista, ele costuma encarnar o papel de provocador dos valores externos como forma de interação social infantil. Como essa relação pueril com os valores está subordinada à exploração das oportunidades concretas da Sensação Extrovertida, ela costuma ter um fim para além de si mesma. Não apenas existe a provocação pela provocação, mas também a provocação como aproveitamento de oportunidade ou busca de atingir um objetivo concreto. Em geral, essa provocação costuma ser simplista, baseada na percepção da situação concreta, da pessoa e do ambiente valorativo, e a ação conforme, muitas vezes associada à projeção corporal do ESTP, que pode ser confiante e maliciosa (no bom e no mau sentidos) no momento.

Se for bem trabalhado, o Fe-terciário ganha mais corpo no indivíduo, mas também mais equilíbrio. Usar muito uma função terciária não significa tê-la bem trabalhada. No caso, equilibrado para além de uma obsessão em se mesclar, entender ou provocar os sentimentos e valores do mundo social à sua volta, o Fe-tert do ESTP pode ser capaz de imbuir o tipo de um carisma e preocupação sociais para além do oportunismo ou do simplismo. Ele ajuda a construir o charme envolvente do ESTP ou, de outra forma, o torna mais atento a dinâmicas sociais e de justiça, gentileza e boa conduta (embora a maioria continue, mesmo assim, preferindo agir de forma a distorcer um pouco essas condutas, geralmente por diversão, mas também como forma de trazer mais atenção a seu carisma pessoal).

Entender a realidade pelo que ela é, em sua totalidade e simplicidade, sacrifica, de qualquer forma, aquilo que é intangível: as interpretações subjetivas e simbólicas, vistas como irreais, desnecessárias, complicando coisas simples ou simplesmente não factuais. Esse processo costuma ser mais comum e intenso quanto mais a Intuição Introvertida inferior é reprimida e ignorada como ferramenta de conhecimento humano ou como inclusão na própria vida do ESTP. A rejeição ao simbólico e suas interpretações subjetivas leva a uma perspectiva demasiado centrada nas experiências físicas do indivíduo pelo que elas eram. Por esse motivo, frequentemente o que lhe é divertido passa a ser visto como divertido para todos. O que lhe é “viver ao máximo” é universalizado, assim como suas outras experiências. Ao passo de que pode haver um positivo interesse do ESTP em compartilhar essas experiências e criar novas nas pessoas, também há uma tendência de entender o mundo apenas pelas próprias experiências (ainda mais porque elas fazem “sentido”, pelo Ti-auxiliar). Outras experiências ou interpretações, costumeiramente mais reflexivas e mais complicadas, são observadas com desdém.

Entretanto, conforme mais e mais reprimida, maiores as chances de a Ni-inferior se vingar, de uma forma ou de outra, turvando a objetividade do ESTP mais cedo ou mais tarde. Se continuar projetada, o ESTP pode rejeitar qualquer explicação que ache pouco prática, demasiadamente complicada ou nada factual e ainda escarnecer daqueles que as fazem. Por outro lado, se a inferior irromper de forma violenta, o ESTP pode acabar se vendo em misticismos, espiritualismos e valorização de outras experiências extrafísicas, como se elas representassem algum tipo de realidade que ele é capaz de perceber. No entanto, por ser inferior, além da mais provável espiritualização dessas experiências, não existe a criação de um arcabouço sólido de compreensão ou explicação do plano abstrato. O ESTP fica vulnerável a misticismos de “simpatias” e pequenas superstições sem uma compreensão verdadeira de por que faz aquilo. Em última instância, ele pode acabar em grandes paranoias que flertariam com o conspiracionismo e o delírio, minando justamente aquilo que mais lhe caracterizava: a praticidade e a objetividade.

De qualquer forma, a Ni pode prover a todos os ESTP algum tipo de sonho ou pensamento megalomaníaco, geralmente usado para insuflar a interação com o concreto e impulsioná-lo em suas empreitadas, mas de forma inconsciente ou simplista. Se a Ni for aceita como um campo de insegurança e valorizada por suas capacidades, o ESTP pode mais facilmente entender suas pretensões simbólicas e reconhecer o valor da interpretação que transcende o próprio material ou prático. Embora sempre vá manter a praticidade em primeiro lugar e um substrato de insegurança com a função inferior, o ESTP pode permitir-se entender melhor outras experiências e reflexões e, com isso tornar-se mais completo como pessoa.

COMBATENdO ESTEREÓTIPOS

Puramente hedonistas?

Como em outros tipos, o grande problema do estereótipo jogado ao ESTP é ser exagerado demais, feito para impedir que a maioria das pessoas se identifique. Ele gira em torno da impulsividade, dos riscos, da habilidade esportiva, da autoconfiança e da agressividade. De fato existem ESTP que se encaixam no exagero, mas basear todo o tipo neles é desculpa para rejeição a ele. Tratar ESTP como se não pensassem no futuro, como se sempre fossem bons em esportes ou interessados só em práticas corporais como sexo, bebida e violência oculta a possibilidade de um ESTP se interessar pelo que for, por se precaver com seu pensamento prático, ou por dar outros interesses à sua função dominante que fujam do estereótipo, que inclusive acaba muito masculinizado. ESTP raramente se veem tão impulsivos e podem direcionar sua energia e sua técnica para onde sua Se os carregue.

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