O tipo ESFJ talvez ensine melhor que ninguém o que é ser humano. Embora sejam indivíduos capazes e presentes por si sós, eles geralmente brilham por sua capacidade inigualável de dialogar com outros seres-humanos e participar da vivência e da troca de experiências que nos faz ser quem somos. Talvez mais que nenhum outro, o tipo ESFJ quer ser entendido e mostrar que, de alguma forma, entende o outro. Unindo o Sentimento Extrovertido (Fe) dominante com a Sensação Introvertida (Si) auxiliar, ESFJ costumam se ver de diferentes formas: comunicadores, articuladores, anfitriões, provedores ou até simplesmente bons amigos. De qualquer forma, seu brilho surge quando atrelado aos seus valores e aos do mundo que os cerca. É do diálogo que nascem as principais características dos ESFJ e, com isso, eles são de longe um dos melhores tipos para se entender todo o potencial do que é ser humano e do que diz essa humanidade. É do diálogo com pessoas, coisas, vivências e valores que os ESFJ ensinam a criar, compartilhar, fazer e entender. Em grande medida, os ESFJ participam da cultura de um grupo e dialogam com ela. Para entender esse funcionamento, tomamos as 4 funções cognitivas do ESFJ: Sentimento Extrovertido (Fe) dominante, Sensação Introvertida (Fi) auxiliar, Intuição Extrovertida (Ne) terciária e Pensamento Introvertido (Ti) inferior.
Os ESFJ são vistos como vinculados ao diálogo porque o Fe-dominante os impulsiona a conversar com os valores do grupo que adotam para si. Quando dominante, Fe está em sua posição mais criativa. Saudável, ela é capaz de entender e ser entendida, harmonizar e se adaptar quando o ambiente pede, mas também saber cobrar justiça e empatia quando necessário. Consegue dialogar e fazer outras pessoas se sentirem entendidas. Por estar em constante diálogo com o que é valorizado pelo mundo externo, o Fe-dominante valoriza o que é “adequado” por esse sistema conjunto, o que pode ir desde a harmonização de opiniões para ficar mais próxima das pessoas com quem se convive até a busca ativa por justiça. O mundo introvertido e subjetivo dos ESFJ começa pela Sensação Introvertida. O senso de si dos ESFJ cresce quando refinam as impressões que têm das coisas e pessoas que realmente importam para eles. Na vasta maioria das vezes, existe um conjunto de coisas: acontecimentos, lembranças, objetos, filmes, livros ou outras coisas que ganham um significado grande e bastante pessoal para os usuários de Si.
Por outro lado, equilibrando a Si-auxiliar e incrementando o mundo objetivo (extrovertido) do ESFJ, a Ne-terciária tem um caráter mais pueril na especulação de ideias. Um ESFJ pode engajar na especulação de ideias e possibilidades sem necessariamente um compromisso com elas, de forma mais divertida, ou simplesmente por prazer de especular ideias pouco práticas. Alguns usos de Ne-terciária que começam a despontar em ESFJ podem incorrer em, por exemplo, piadas ou especular sobre “qualquer assunto”. Se bem desenvolvida, favorece a interação com o objeto a partir de verdadeira abertura a novas ideias desconectadas das experiências, possibilidades distintas e projetos novos. No entanto, quando se se dedica tanto ao diálogo e ao entendimento, algo tem que ser sacrificado. Embora na maioria das vezes o ESFJ seja extremamente consistente por causa da Si-auxiliar, ele nem sempre é coerente. Consistência de gostos, opiniões e formas de se expressar não garante coerência na fala e nas decisões, que possivelmente é sacrificada em nome do diálogo com os valores do mundo externo.
Como um processo racional, o Fe é orientado para tomada de decisões. O sentimento extrovertido se orienta para tomar decisões que dizem respeito aos valores compartilhados pelo mundo externo, geralmente grupos ou a própria sociedade. Ele trabalha entendendo, canalizando, adaptando, influenciando e sendo influenciado pelos valores de pessoas e grupos fora do indivíduo (ou o que ele imagina serem esses valores). Em grande medida, o Fe busca entender e agir sobre o que considera “adequado” a uma situação, mas essa adequação não significa necessariamente bons modos, embora frequentemente o seja. Por estar em constante diálogo com o que é valorizado pelo mundo externo, o Fe-dominante valoriza o que é adequado por esse conjunto, o que pode ir desde a harmonização de opiniões para ficar mais próxima das pessoas com quem se convive até a busca ativa por justiça.
Seja como for, sejam nos gostos pessoais, nas ações em grupo ou no cotidiano, o Fe-dominante dialoga com os gostos desses grupos e frequentemente se sente porta-voz deles. Sua luta por justiça será a voz de um grupo que compartilha expectativas semelhantes, sua harmonização seria orientada para que seus gostos ressoassem com os gostos do mundo externo. O contrário também acontece: O Fe também busca influenciar essas expectativas, e cria expectativas sobre o que deveria ser valorizado em termos de grupo. Geralmente, isso se orienta para uma moral universal: prezar e criar expectativas altas sobre a gentileza, a empatia e os bons tratos entre as pessoas é bastante comum entre Fe-dominantes. Assim, ao mesmo tempo em que fazem esforço em serem compreensivos, também exigem bastante compreensão. A tomada de decisões, no fim, funciona como um diálogo e um compartilhamento.
Quando dominante, Fe está em sua posição mais criativa. Saudável, ela é capaz de entender e ser entendida, harmonizar e se adaptar quando o ambiente pede, mas também saber cobrar justiça e empatia quando necessário. Consegue dialogar e fazer outras pessoas se sentirem entendidas. Em pontos negativos, Fe-dominante costuma ter facilidade com manipulação emocional, passivo-agressividade ou criação de expectativas altas sobre as maneiras das outras pessoas sem realmente conseguir entendê-las.
Como processo irracional, a Sensação Introvertida se dedica a absorver informações de uma forma majoritariamente não-verbal. Ela cria impressões únicas e subjetivas do mundo concreto e parte suas reflexões majoritariamente delas. A função da Si é dar consistência, identidade e um arcabouço pessoal de vivências importantes para que o ESFJ não se perca completamente na flutuação adaptativa do Fe. O senso de si dos ESFJ cresce quando refinam as impressões que têm das coisas e pessoas que realmente importam para eles. Na vasta maioria das vezes, existe um conjunto de coisas: acontecimentos, lembranças, objetos, filmes, livros ou outras coisas que ganham um significado grande e bastante pessoal para os usuários de Si. Tudo isso pode ganhar algo de ritualístico, especialmente se dialogar com os valores da pessoa.
No caso dos ESFJ, eles usam isso para não apenas solidificar seus interesses e dar um senso de dedicação às coisas, mas usam Si principalmente a serviço do Fe, que é a função dominante. Enquanto para a Sensação introvertida em qualquer posição existe algo de “mágico” no mundo concreto que foi valorizado subjetivamente, que pode ser um sabor, uma sensação, uma memória, uma atividade, um vídeo, ou até mesmo a mágica do cotidiano, a Sensação introvertida auxiliar consegue usar todas essas coisas para dialogar com o mundo externo. É mais provável que os ESFJ entendam a própria história e a dos outros e extraiam disso momentos, detalhes ou objetos especiais que usam para engajar com outras pessoas. A contação de histórias e casos é um processo comum entre os ESFJ, e isso geralmente é feito a partir do compartilhamento de valores ou interesses encabeçado pelo Fe.
A Ne também é um processo irracional, mas, voltada para o objeto, ela perde o filtro do sujeito e se dedica mais à coleção e exploração do objeto de forma acrítica. Ela possui, como qualquer função terciária, um papel ambíguo no ESFJ, e pode gerar sólidas transformações se bem aproveitada. Equilibrando a Si-auxiliar e incrementando o mundo objetivo (extrovertido) do ESFJ, Ne-terciária tem um caráter mais pueril na especulação de ideias, por vezes meio obsessivo. Um ESFJ pode engajar na especulação de ideias e possibilidades (sejam sobre o futuro ou sobre coisas quaisquer) sem necessariamente um compromisso com elas, de forma mais divertida, ou simplesmente por prazer de especular ideias pouco práticas. Alguns usos de Ne-terciária que começam a despontar em ESFJ podem incorrer em, por exemplo, piadas e trocadilhos simples, ou em outras conversas especulativas sobre qualquer coisa em situações sociais.
Conforme a Ne terciária é mais usada, ela tem a capacidade de ganhar mais dimensões, ainda que, num geral, mantenha seu aspecto mais descompromissado e menos vital que aqueles que tenham Ne dominante. Mesmo assim, ela pode fazer um papel realmente impactante na vida do ESFJ, cumprindo seu papel de favorecer a interação com o objeto a partir de verdadeira abertura a novas ideias desconectadas das experiências, possibilidades distintas e projetos novos. Uma Intuição Extrovertida a serviço do Sentimento Extrovertido pode tornar a pessoa verdadeiramente inovadora em termos morais e com uma grande capacidade de conversar e trocar ideias livremente com as outras pessoas. Como Si e Ne têm capacidade de estarem balanceados, isso dá ao ESFJ ótima capacidade de balancear especulação e praticidade, orientando ação no mundo concreto e reflexão que saiba onde e quando se abrir para possíveis ofertas, gerando real impacto e transformação nos valores à sua volta, ao mesmo tempo mantendo uma capacidade incrível de comunicação e entendimento dos outros.
Quando se se dedica tanto ao diálogo e ao entendimento, algo tem que ser sacrificado. No caso, parte da compreensão pessoal de mundo e da precisão são diminuídas em nome de se manter verbalizando os valores de um grupo. Seja quando o ESFJ está harmonizando e conciliando um ambiente, ou quando está dando voz ao que considera justo em nome dos valores do grupo que escolheu, ele precisa fazer pequenas concessões lógicas que geralmente passam despercebidas e inconscientes. Em determinados momentos da vida do indivíduo, ele pode sofrer uma ou mais manifestações diferentes dessa função inferior que esteve sempre ali presente, de uma forma ou de outra.
Embora na maioria das vezes o ESFJ seja extremamente consistente por causa da Si-auxiliar, ele nem sempre é coerente. Consistência de gostos, opiniões e formas de se expressar não garante coerência na fala e nas decisões, que possivelmente é sacrificada em nome do diálogo com os valores do mundo externo. Se o ESFJ ganha certa consciência desse processo, ele consegue perceber a função inferior como fruto de insegurança. Nesses casos, ele comumente prefere depender de outras pessoas ou de outras fontes externas para garantirem a consistência e seus princípios lógicos, o que é feito com muito pouca independência.
Em outros casos, o Ti-inferior pode acarretar pequenos ou grandes deslizes durante o diálogo. A tentativa de harmonizar pode se tornar falha e a necessidade de coerência lógica se manifesta em passivo-agressividade ou mesmo agressividade direta. No entanto, isso geralmente é feito a partir de grande projeção, e a função inferior aparece de forma justamente comprometida, se apegando a detalhes que fazem sentido unicamente para o indivíduo, em um momento em que ele está distante da realidade, apegado a uma ânsia pessoal por validar seus valores de forma lógica. Se isso acontece por muito tempo, o ESFJ pode acabar sacrificando todo o bom-senso que geralmente lhe é característico em nome de se sentir validado em termos de seus princípios lógicos — geralmente importados de terceiros devido à insegurança.
O principal estereótipo que afasta as pessoas do ESFJ é a ideia de que são “quadrados”, chatos, não são criativos e são simplesmente rotineiros. Isso não é verdade para nenhum dos 4 tipos SJ, mas é menos verdade para os ESFJ. Nada disso é regra para um tipo tão apto ao diálogo e à adaptação de valores dentro de um grupo. Isso não significa que eles não possam ser assim, mas esse estereótipo apaga uma grande seção dos ESFJ de gostos e opiniões variadíssimas, apreço por moda e estilo, justiça social, música e dança, ou realmente qualquer outro assunto. Outro frequente estereótipo trata ESFJ como invasivos e demasiadamente falatórios, ou reduzidos a meras “mães do grupo”/mães de família, mas só alguns são assim. Os ESFJ mais novos costumam ter uma criação muito associada ao respeito do espaço individual e, portanto, podem fugir bastante desse estereótipo.
No Facebook a DDC possui um grupo de discussões voltado para as tipologias abordadas aqui no site com muito acolhimento e didática. Quer conhecer mais sobre o seu tipo? Entra na nossa comunidade 🙂