O ENTP pode ser visto como o tipo hipotético, especulativo e subversor de ideias por natureza. Isso se dá porque, para os ENTP, explorar diferentes tangentes, guiados apenas por um senso de independência de raciocínio que inclusive sustenta a exploração, é mais importante que atingir qualquer coisa concreta. É apenas nos alternantes momentos em que o ENTP se vê satisfeito em uma tangente, hipótese ou projeto explorado, que as coisas podem ter algum valor mais fixo, frequentemente descartado em nome de uma nova hipótese ou chance de subverter as próprias ideias e as dos outros. Imageticamente, o ENTP pode ser visto como o Bobo da Corte, lançando mão de variadas estratégias e da própria ignorância como parte do questionamento de tudo e todos, inclusive de si mesmo. Talvez mais que qualquer outro tipo, o ENTP questiona a si mesmo em sua sequência inconstante de interesses efêmeros, podendo até mesmo sacrificar qualquer âncora nas coisas em nome das próprias novas hipóteses, ou mesmo as hipóteses de outros. Para tudo isso, ele lança mão de suas funções cognitivas: Intuição Extrovertida (Ne) dominante, Pensamento Introvertido (Ti) auxiliar, Sentimento Extrovertido (Fe) terciário e Sensação Introvertida (Si) inferior.
Com a Intuição Extrovertida dominante, irracional e objetiva, o indivíduo tem uma orientação intensa e constante por aquilo que concebe como novas ideias, que chegam para ele sem filtro e todas são capazes de serem exploradas. A entrada em tangentes de pensamento para o ENTP é tão natural e frequentemente tão abrupta que nem sempre ele se dá conta do grau de divergência e impraticidade presente em sua forma de ver o mundo. Na vasta maioria das vezes, por isso, a Ne-dominante é caracterizada, tanto em termos positivos como negativos, por enorme inconsistência. A âncora de julgamento do ENTP é o Pensamento Introvertido, permitindo que o ENTP atrele sua especulação quase infinda a certos princípios lógicos que sustentam e também alimentam a mesma exploração. Com isso, a vocação abstrata da função dominante ganha uma orientação para dialogar com sistemas lógicos e sua precisão. Com o Pensamento Introvertido auxiliar, o ENTP costuma ter facilidade de articulação de ideias de forma impessoal, e, por isso, o apoio dado à função dominante impulsiona a exploração pelo prisma do que faria sentido para o indivíduo, sem algum tipo de orientação moral ou valorativa.
Opondo-se ao julgamento impessoal do Pensamento Introvertido, a outra função do eixo racional do ENTP, o Sentimento Extrovertido, traz um diálogo valorativo ao tipo bastante peculiar. A manifestação pueril do Sentimento Extrovertido, por sua posição terciária, costuma brincar e provocar valores de outras pessoas, de forma ligeiramente infantilizada, como apoio para a Ne. A condição de “provocação”, comum a todos os usuários de Fe-terciário, pode também ser trabalhada, não apenas para um uso mais funcional, mas também mais claramente moral do indivíduo. A Sensação Introvertida inferior de um ENTP traz um vínculo bem pouco saudável, simplista e instável com os fatos, detalhes ou coisas capazes de serem eternizados. Na maioria das vezes, o ENTP tem pouca capacidade de eternizar e dar valor de longo prazo à maioria das coisas que poderiam ser dedicadas, o que amplia sua inconstância de gostos. Se muito pressionada ou projetada, a função inferior do ENTP pode incorrer em um apego exagerado e totalmente doentio por diferentes coisas concretas, a começar pelo próprio corpo.
Com a Intuição Extrovertida dominante, irracional e objetiva, o indivíduo tem uma orientação intensa e constante por aquilo que concebe como novas ideias, que chegam para ele sem filtro e todas são capazes de serem exploradas. A entrada em tangentes de pensamento para o ENTP é tão natural e frequentemente tão abrupta que nem sempre ele se dá conta do grau de divergência e impraticidade presente em sua forma de ver o mundo. Como inicialmente todas as hipóteses valem a pena, o filtro só acontece a posteriori, no plano do julgamento. Até lá, a orientação do ENTP ocorre na proposta de torcer as próprias ideias em novas associações, muitas vezes desconexas, ou criar diferentes e imparáveis tangentes sem muita âncora uma na outra. Muito mais que apenas orientado ao “novo” coisa que é relativamente comum de vários tipos, o “novo” da Ne-dominante costuma ser frequentemente uma “autotransgressão” sem raízes em busca de um “novo” que nunca é suficiente.
Na vasta maioria das vezes, por isso, a Ne-dominante é caracterizada, tanto em termos positivos como negativos, por enorme inconsistência. A exploração de novas tangentes ou projetos é tão intensa para o ENTP que a manutenção de interesses por tempo significativo é incomum, com a possível exceção de um punhado de interesses mais fixos. Assim, muitos ENTP gostam de se identificar como polímatas em algum grau. Aqueles que mantêm grandes interesses mais fixos ainda assim alternam entre diferentes tangentes e perspectivas como parte fundamental da continuidade do interesse. As diferentes tangentes os tornam capazes de articular ideias e conceitos de forma inusitada (algo também presente, de forma menos obsessiva, nos tipos com Ne-terciária, ESxJ), muitas vezes para subverter as próprias convicções e, então produzir algo novo a partir disso, sem grandes ligações com o material original.
Assim a Intuição Extrovertida rejeita grandes estabilidades em nome da subversão de conceitos, ideias e situações. No plano negativo, por consequência, essa inconsistência dificulta que o ENTP mantenha a sensação de vínculo com algumas coisas por muito tempo, dificultando o senso de compromisso e de interesses de longo prazo. A inconsistência acaba também sendo um problema compartilhado tanto pelo ENTP quanto pelas pessoas que convivem com o tipo, por gerar imprevisibilidade negativa e um senso de si que, se atrelado aos interesses momentâneos, flutua com frequência.
A âncora de julgamento do ENTP é o Pensamento Introvertido, permitindo que o ENTP atrele sua especulação quase infinda a certos princípios lógicos que sustentam e também alimentam a mesma exploração. Com isso, a vocação abstrata da função dominante ganha uma orientação para dialogar com sistemas lógicos e sua precisão. Como a exploração do abstrato sobrepõe-se a esses sistemas, é fácil para o ENTP adotar novas formas – também com sua coerência própria – de entendimento e desdobramento do mundo se assim for necessário para continuar a exploração ou subversão. Isso não significa, claro, que o ENTP não queira desenvolver um sistema próprio e subjetivo de entendimento do mundo, um que ajude a domar e filtrar suas ações para que não fiquem tão erráticas, mas a prioridade sempre será a livre exploração de ideias, sejam elas com os conceitos que forem.
Com o Pensamento Introvertido auxiliar, o ENTP costuma ter facilidade de articulação de ideias de forma impessoal, e, por isso, o apoio dado à função dominante impulsiona a exploração pelo prisma do que faria sentido para o indivíduo, sem algum tipo de orientação moral ou valorativa. Por esse motivo, a exploração de ideias e hipóteses atinge o ápice da capacidade de criar hipóteses e subversões na qual as únicas regras são do que faz sentido ao indivíduo e mesmo elas não são prioritárias. Assim, quanto mais um ENTP consegue refinar e expandir seu conhecimento de sistemas que o permitam dar sentido às coisas, mais ele conseguirá fazer uma exploração, ainda que pouco prática, capaz de atingir sofisticação lógica e efeitos mais interessantes e coerentes.
Opondo-se ao julgamento impessoal do Pensamento Introvertido, a outra função do eixo racional do ENTP, o Sentimento Extrovertido, traz um diálogo valorativo ao tipo bastante peculiar. A manifestação pueril do Sentimento Extrovertido, por sua posição terciária, costuma se manifestar no uso da compreensão dos valores do ambiente como forma de alimentar a exploração e a subversão ansiadas pela função irracional dominante. Com isso, é comum que muitos ENTP se engajem em brincar e provocar espaços e valores de outras pessoas, de forma ligeiramente infantilizada, como apoio para a Ne. A condição de “provocação”, comum a todos os usuários de Fe-terciário, pode também ser trabalhada, não apenas para um uso mais funcional, mas também mais claramente moral do indivíduo.
Conforme é trabalhado, o uso do Fe-terciário passa de uma compreensão simplista e de um uso demasiado infantilizado (e vulnerável) para uma capacidade maior de entender as expectativas sociais/de grupo. O contato mais genuíno (e até menos obsessivo) com os valores do objeto dá ao indivíduo de Fe-terciário mais “jogo de cintura” tanto no campo moral quanto nas relações interpessoais. Reconhecer que a adaptabilidade aos valores não gera apenas efeitos de provocação traz ganhos de relação e envolvimento com as atmosferas valorativas: O ENTP passa a saber melhor o que lhe é “esperado” em determinadas situações e pode, inclusive, acabar usando uma característica comumente associada aos usuários de Fe-dominante: a manipulação e o jogo emocional. Ainda que feitas de forma atrelada à dominante, todas essas características de um Fe-terciário mais trabalhado dão algo maior de significado e ferramentas sociais genuínas ao ENTP.
Dedicar-se primariamente à exploração constante de ideias e sua própria subversão significa invariavelmente sacrificar o valor das coisas. A sedução que o objeto produz no indivíduo, característica de todos os tipos extrovertidos, causa no indivíduo de Si-inferior uma relação bastante problemática com a percepção subjetiva dos fatos concretos que ele experiencia. A Sensação Introvertida inferior de um ENTP traz um vínculo bem pouco saudável, simplista e instável com os fatos, detalhes ou coisas capazes de serem eternizados. Na maioria das vezes, o ENTP tem pouca capacidade de eternizar e dar valor de longo prazo à maioria das coisas que poderiam ser dedicadas, o que amplia sua inconstância de gostos. A busca de um “novo” hipotético impede que o ENTP se concentre em coisas práticas ou concretas que poderiam dá-lo uma sensação maior de estabilidade. Mesmo os vínculos duradouros que o ENTP cria podem não ser recebidos como tal, e há uma dificuldade de internalizá-los e levá-los por algum motivo intrínseco ao próprio objeto. Quando o faz, geralmente é de uma forma simplista e errática, além de costumar se apegar a coisas extremamente randômicas, sem nenhum real motivo ou justificativa para que aquela coisa valha a eternidade. Ao invés de se apegar a pessoas, interesses ou coisas que tenham sentido com sua história de vida (ou mesmo seus gostos), pode acabar se apegando exatamente a coisas sem esse tipo de vínculo.
Se muito reprimida, a Si pode trazer, para além da falta de consistência galopante, a ignorância da possibilidade de estabilidade e a projeção dessa ignorância nos outros. A incapacidade de ver sentido ou valor intrínseco em manter coisas pela impressão que elas causam ao indivíduo faz com que o ENTP enxergue as pessoas que fazem isso como limitadas ou inertes, ou mesmo vê-las como demasiadamente apegadas e não perceber as coisas às quais ele mesmo é apegado. A perda da sensação de estabilidade pode acompanhar uma latente, mas frequentemente ignorada, sensação de ansiedade existencial pelo fim das coisas que o Si-inf tenta inconscientemente manter, ao mesmo tempo em que frequentemente as subverte, voltando a perder o senso de estabilidade que elas poderiam dar.
Se muito pressionada ou projetada, a função inferior do ENTP pode incorrer em um apego exagerado e totalmente doentio por diferentes coisas concretas, a começar pelo próprio corpo. A percepção incorreta de necessidades de manutenção e estabilidade, no âmbito do corpo, pode incorrer em hipocondria gritante e uso doentio de artifícios para satisfazer conforto corporal, às vezes inclusive ao mesmo tempo. Se muito pressionada, a Sensação Introvertida pode gerar um apego tão negativo que traz quase completa inércia para um tipo por definição em movimento. Essa inércia não deve ser confundida com aquela a que todas as pessoas estão vulneráveis em processos depressivos, mas nos tipos com Si-inferior, podem as duas se sobrepor. A inércia derivada de um vínculo demasiado doentio com a inferior vem de um apego estranho, irracional e meio inconsciente a uma estabilidade que nunca foi real, justamente porque não foi possível para o ENTP buscá-la. Se mais saudável, o ENTP consegue aceitar sua própria natureza subversiva de ideias e ao mesmo tempo respeitar os limites e manter vínculos mais duradouros com algumas coisas, sem pressioná-las tanto de uma forma ou outra.
O estereótipo positivo do ENTP coloca o tipo como criativo, sagaz, espirituoso e inteligente. Embora esses adjetivos, particularmente os três primeiros, possam ser verdadeiros para muitos ENTP, pintá-los como necessariamente assim cria um fetichismo irreal ao redor do tipo. Já o estereótipo “negativo” geralmente vira identidade de pessoas que não são ENTP, mas querem usar o tipo para se sentirem poderosas e provocantes, ou se ausentarem em discussões: o estereótipo de “troll”. ENTPs seriam naturalmente hábeis no debate e na provocação e teriam fama de incômodos e irritantes. Geralmente quem lança esse estereótipo (do qual, na verdade, muitos ENTP fazem sim parte) faz apenas para se sentir livre e ausente em alguma discussão, quando na verdade é bem perceptível que isso não acontece. Qualquer um quer ganhar debates. Isso não faz de ninguém ENTP.
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