Veja as principais confusões e mal-entendidos sobre as funções extrovertidas
Confusões com Intuição Extrovertida (Ne): preguiça, procrastinação, ideias confusas e associações mirabolantes: essas características resumem tanto os estereótipos simplistas da função Ne quanto os comportamentos dos estudos de quem costuma reforçar essas ideias acriticamente. Das quatro citadas, a última é a que mais tem realmente a ver com a Intuição Extrovertida, mas existe outro problema aqui que também gera mistype: o fetichismo da suposta “criatividade” das ideias da Ne que, quando afrouxado para que todos se identifiquem, faz com que qualquer ideia percebida pela própria pessoa como “maluca” seja usada como sinônimo de Ne. Essa âncora leviana à função é piorada pela adição de características genéricas ou até pouco relacionadas aos tipos xNxP de fato, dada a entrada de mistypes de vários tipos na ideia coletiva da Intuição Extrovertida. O fato é que todas as pessoas convivem diariamente com suas próprias mentes e sempre é possível achar que os próprios pensamentos são mirabolantes ou “aleatórios”, principalmente se a pessoa em questão separa o que acha ser aleatório do que acha ser normal. E isso costuma acontecer justamente quando os pensamentos ditos aleatórios são ainda uma experiência surpreendente para a pessoa, que os olha com interesse, mas algo de distanciamento, o que é bem típico da Intuição Extrovertida terciária (ESxJ) que começa a ter presença na vida da pessoa. Em última instância, a Ne é vista de maneira leviana, e seu potencial disruptivo constante é reduzido ao ponto de que qualquer ideia passa a ser lida como Ne por aqueles que querem se identificar com Ne. E, embora a maioria dos usuários de Ne-dominante tenha de fato uma criatividade singular ao juntar e associar ideias de forma subversiva, essa ideia vai sendo afrouxada aos poucos a ponto de que qualquer criatividade é lida como Ne, o que é muito, muito distante da realidade. Toda função alta tem um potencial criativo grande, artístico inclusive, de modo tal que vincular criatividade a Ne serve apenas como validação vazia sem um estudo cauteloso do que significa o modo de pensar da Intuição Extrovertida e as particularidades do seu modo “criativo”. Ou, quando a autoimagem é mais negativa, deposita-se na Ne uma proposta simplista de desorganização, como se ter um quarto sujo ou muitas abas abertas significasse Intuição Extrovertida.
Descrições rápidas de Ne costumam dizer que ela significa pensar ou se importar com as possibilidades e com o que pode acontecer. Não está errado, mas é largamente incompleto, o que mostra o perigo de descrições muito rápidas dos tipos, sem a explicação do mecanismo por trás. As quatro funções de percepção têm seu ponto de interesse no que pode acontecer, cada uma à sua maneira, e a Ne como ponto principal. A penetração da Sensação Extrovertida (Se) na ideia coletiva do que é a Ne é muito frequente, fazendo com que os usuários de Ne alta pareçam valorizar muito mais a experiência do que eles realmente valorizam. A Sensação Extrovertida pode se importar e pensar muito nas possibilidades, porque delas também extrai a exploração de experiências. Mas as possibilidades em si não são suficientes, a não ser quando estão para satisfazer os desejos da Intuição Introvertida baixa dos xSxP (pensamentos megalomaníacos, sonhos idealizados simplistas, símbolos, arquétipos e misticismos). A presença dos usuários de Se alta nos estereótipos de Ne fomenta uma ideia mais prática, mais estética e mais corporal do que a Ne é realmente. Temas e jeitos muito característicos da Se vão sendo transplantados, aos poucos, para os estereótipos de usuários de Ne. No exterior, por exemplo, a ideia de que os ENxP são tipos muito flertadores e exibicionistas vem majoritariamente de certos xSxP que carregam essa característica, mesmo que ela não esteja em todos os membros do tipo. Os usuários de Se que se identificam como xNxP costumam se ver como criativos, curiosos, “aleatórios”, preguiçosos, procrastinadores e com pouca ou seletiva energia, nada disso sendo realmente uma característica exclusiva ou definidora da Ne. Ao mesmo tempo, usuários de Sensação Introvertida alta (Si – xSxJ) emprestam às descrições de Ne sua própria Ne baixa, menos diferenciada. Pensamentos paranoicos ou conspiratórios, preocupações negativas com as especulações e associações simples, características de Ne baixa, vão vazando para a Ne alta. Acontece que, na maioria dos xSxJ, a Ne realmente tem um papel fundamental, mesmo que ruim ou vulnerável. Por esse motivo, com as descrições rasas, esses tipos rapidamente identificam-se com a função, sem perceber que as manifestações neles são fruto da posição baixa da função, ao mesmo tempo em que delegam à Ne as características positivas da Si alta. Por exemplo, também por se identificarem como imaginativos e criativos, não percebem que sua forma de imaginação rica tem a ver com o mundo interno rico da Sensação Introvertida, profundo e diferenciado nas impressões que causa no indivíduo. No caso dos usuários de Ni, é muito possível que eles caiam nas descrições de Ne que também levam ao tópico da procrastinação e da preguiça. Descrições de tipos com Pi alta (xxxJ) podem dar demasiado destaque a compromisso, eficiência e características profissionais. Todos os tipos com essas funções cuja identidade esteja mais para o lazer são propensos a se ver na ideia de procrastinação ou preguiça, e cair em mistype de Ne por esse motivo. A idealização da Ni como previsora do futuro, sexto sentido ou planejadora impecável e a diminuição da Si como conservadora, apegada ao passado e cuja habilidade é ser organizado e ter boa memória causam esses tipos a preferirem as descrições genéricas sobre criatividade e ideias “diferentes” da Ne.
No caso das funções de julgamento, as confusões podem acontecer, mas elas necessariamente são mais superficiais, já que se trata de processos cognitivos distintos. Uma boa diferenciação entre julgamento e percepção já ajuda a separar as duas coisas. A confusão entre funções de julgamento e a Ne, de percepção, também é mais complexa de ser explicada porque as funções racionais e irracionais trabalham uma com a outra para um processo completo. No caso da Ne, ela trabalha principalmente com as funções de julgamento introvertido (Ti e Fi), mas também com as de julgamento extrovertido (Te e Fe). De qualquer forma, pessoas com essas 4 funções de julgamento podem confundi-las com a Ne quando ainda não aprenderam a separar perfeitamente a percepção do julgamento. Usuários de Te podem depositar na Ne seu gosto por novas ideias e sua autoimagem divertida. Usuários de Fe podem depositar na Ne uma ideia geral de extroversão, conversa e troca de ideias, ou a criatividade para expressar seus sentimentos. Usuários de Ti e Fi dominantes, tanto Ti-dominante (IxTP) quanto Fi-dominante (IxFP) podem eventualmente se ver como Ne-dominantes (ENxP) se cultivarem que sua busca por independência passa pela liberdade exploratória dos Ne-dominantes e que são criativos, desorganizados e procrastinadores.
Confusões com Sensação Extrovertida (Se): sendo colocada de maneira exagerada, a Sensação Extrovertida é vista apenas como impulsiva, socialmente expansiva, rasa, energética, incapaz de pensar ou se preocupar com o futuro ou as consequências e unicamente orientada para a diversão. Mas pessoas dos quatro tipos com Se alta (xSxP) costumam se identificar pouco ou nada com esses exageros, a maioria por não ser assim e outros por serem, mas não quererem se ver dessa forma. Novamente, a associação temporal às funções cognitivas faz um desserviço ao dar a entender que usuários de Se vivem apenas no presente, sem noção de passado ou de futuro, o que não faz sentido. Há manifestações da Se que agem de forma muito mais tranquila e suave, “em fluxo” com o resto do mundo e com o objeto, não precisando ser expansivas. Todas as manifestações mais calmas ou cautelosas que o estereótipo de “festeiro inconsequente” acabam querendo se identificar com outras funções, ou, ao menos com a Se-auxiliar. Há ainda a visão positiva da função que a trata como uma habilidade inalcançável, como se todo usuário de Se tivesse uma enorme habilidade corporal, sempre mais distante que o objeto. Mesmo se a pessoa for muito boa jogando futebol amador ou dançando entre os amigos, há sempre algum atleta profissional ou dançarino que pode ser usado como exemplo de pessoa com mais habilidade, para ser usado como justificativa para mistype. Por esse motivo de exagero, até mesmo os usuários de Se que se encaixam no estereótipo e teriam todos os motivos do mundo para se acreditar desses tipos acabam preferindo outros, porque é sempre possível exagerar mais o estereótipo. Se-dominantes que manifestam uma Se mais energética, alegre e expansiva tendem a sofrer mistype como Ne-dominantes; Se-dominantes que manifestem uma Se mais calma, estoica ou factual-intelectual tendem a sofrer mistype como introvertidos (IxxP e INTJ, majoritariamente); Se-dominantes cuja autoimagem seja a de potência, efetividade, concretude, materialismo e profissionalismo tendem a sofrer mistype como Te-dominantes. Esses últimos também funcionam como os melhores exemplos para explicar como a Se também pode se preocupar com o futuro, ainda mais pela megalomania subjacente da Ni baixa, com os impactos concretos e com a vontade de alcançar objetivos.
Usuários de Si talvez sejam os mais propensos a acreditar terem Se alta, graças ao viés intuitivo e aos preconceitos com Si, que podem impedir ou dificultar que os tipos intuitivos se considerem xSxP. Com os estigmas sobre conservadorismo, pensamento limitado e fixação com o passado criados sobre a Si, muitos encontram acolhimento nos estereótipos também exagerados, mas mais livres, da Sensação Extrovertida. As descrições de Si fogem do que ela realmente é: uma função de sensação e voltada à experiência concreta. Como a Se, mesmo estereotipada, mantém essa natureza, alguns usuários de Si podem se identificar. Geralmente, eles acham as descrições de Si, além do que foi dito, talvez melancólicas ou rígidas demais, e se veem de forma mais alegre, ativa e diletante. A Si se preocupa com os prazeres da vida tanto quanto a Se, mas muitos usuários de Si querem se ver com mais liberdade ou fluidez em comparação com as descrições levianas de sua função. Isso também pode acontecer com outras pessoas, detentoras de Si, que são identificadas erroneamente como usuárias de Se. Já a Intuição Extrovertida tem até mais elementos de manifestação similares para que seus usuários se confundam com Se. A confusão não é tão frequente, claro, pelo viés intuitivo, que compele xSxP a se confundirem com xNxP, mas bem pouco o contrário. De qualquer forma, pela própria natureza especulativa da Ne, os membros desse tipo têm ligeira maior facilidade para cogitar e trabalhar essas possibilidades sem muitos preconceitos, ainda que estejam enviesados por essa grande tendência da lei geral. Já usuários de Ni alta costumam pouco questionar terem Ni baixa, não porque se conhecem melhor, mas sim porque são favorecidos pelo viés. No entanto, é possível imaginar um usuário de Ni que se apoie em algum hobby mais voltado à experiência (como a música ou a culinária) e interpretar isso como sensação alta; ou um usuário de Ni que, ao se aprofundar em demasia nas funções cognitivas, acabe perdendo sentido do geral e, ao não conseguir capturar a essência que busca, acaba se apegando a detalhes na tentativa de fazer sentido; ou, ainda, um usuário de Ni que, influenciado pela função baixa e tendo mais consciência dela, sabendo que deve se dedicar à concretização tanto quanto à idealização, acabe confundindo uma com a outra.
No caso das funções de julgamento, as confusões podem acontecer, mas elas necessariamente são mais superficiais, já que se trata de processos cognitivos distintos. Uma boa diferenciação entre julgamento e percepção já ajuda a separar as duas coisas. A confusão entre funções de julgamento e a Se, de percepção, também é mais complexa de ser explicada porque as funções racionais e irracionais trabalham uma com a outra para um processo completo. No caso da Se, ela trabalha principalmente com as funções de julgamento introvertido (Ti e Fi), mas também com as de julgamento extrovertido (Te e Fe). De qualquer forma, pessoas com essas 4 funções de julgamento podem confundi-las com a Se quando ainda não aprenderam a separar perfeitamente a percepção do julgamento. Usuários de Te podem depositar na Se o motor de uma autoimagem divertida, caso tenham se deparado apenas com descrições muito profissionais do Te. Sua vontade de cooperar com estruturas também pode ser erroneamente interpretada como a vontade de materialização da Se. Usuários de Fe podem depositar na Se uma possível atividade “extrovertida” (no senso comum), de gostar de sair, ao mesmo tempo em que fogem da imagem geralmente muito pacífica ou dependente que criam do Fe. Usuários de Ti e Fi dominantes, tanto Ti-dominante (IxTP) quanto Fi-dominante (IxFP) podem eventualmente se ver como Se-dominantes (ESxP) se adotarem inconscientemente padrões sociais de juventude sobre serem livres e “rebolarem”, ou coisas nesse estilo, mas é raro.
Confusões com Sentimento Extrovertido (Fe): quase todo usuário de Fe tem senso de si. É exatamente a partir do senso de si do Sentimento Extrovertido que suas principais decisões são tomadas. O único porém é que esse senso de si dialoga com o mundo externo. Em termos de autoimagem, essa afirmação é vital porque ninguém, muito menos alguém que está em busca de conhecer seu tipo de personalidade, acredita não ter senso de si. Esse é um dos vários grandes erros das descrições de Fe: assumir que a falha intrínseca de seus usuários é a falta de senso de si ou de identidade. Toda pessoa acredita que tem seus próprios valores – e a maioria tem mesmo – e isso é especialmente sensível para os usuários de Fe, porque, como a função sentimento é a função de atribuição de valor, para essas pessoas há um forte componente identitário na moralidade derivada disso. Assim, o desenho do Fe como uma função de falsidade e baixo senso de si é grandemente nocivo para que as pessoas se identifiquem com ele. Sobre isso, é vital entender o que é a objetividade dos valores do Sentimento Extrovertido e como ela não exclui o apego a certas práticas e princípios, mas sim põe eles em constante diálogo com o mundo externo, às vezes harmônico, às vezes objetivando influenciar ou até controlá-lo. Existe também um paradoxo da identificação em descrições assim que facilita o mistype: ora, se a pessoa tem baixo senso de si, ela vai se identificar com isso? Pelo contrário, ela vai querer, exatamente pelo baixo senso de si, identificar-se com outra coisa. Ou seja, esse tipo de descrição tem eficácia negativa na hora de fazer com que as pessoas certas se identifiquem. Esse é o principal estereótipo negativo que afasta os usuários de Fe e gera mistype; o principal estereótipo positivo é o de que o Fe garantiria grandes habilidades sociais, condutas impecáveis e grande apreço por interações sociais. Embora isso seja verdade para muitos usuários de Fe – afinal, como as descrições de Se, aqui se peca pelo exagero limitante e excludente – inúmeros outros usuários não se identificam. Até mesmo por muitos se preocuparem com condutas sociais, cada erro que cometem pode comprometer sua imagem e favorecer que achem que não possuem essa inclinação. O individualismo ao qual as pessoas nos dias de hoje são compelidas faz com que poucas pessoas queiram, por livre e espontânea vontade, se encontrar em descrições que se ancoram no outro. Todos querem ser indivíduos completos em si, e as descrições de Fe pesam muito na existência do indivíduo a partir do outro. Nesse ponto, elas não estão erradas, só vivem um mau momento em que o individualismo isolado é muito importante para a identidade pessoal. Todos querem falar que sabem de si, que têm valores próprios, que são autênticos. Portanto, para combater os mistypes que envolvem Fe, seria ideal não apenas apontar que esses tipos podem ser tudo isso, mas também que não existe nada ruim em ter uma identidade que dialoga com o coletivo. Por isso, acaba que as pessoas que se identificam com Fe o fazem quando já possuem uma autoimagem de altruísmo e empatia. Geralmente apenas pessoas dotadas de um orgulho de fazer o certo sendo empáticas e passivas são as únicas a quererem identificar-se de primeira com o Sentimento Extrovertido, o que é um exagero grotesco.
Talvez a principal tendência de autoidentificação errada com o Fe aconteça por parte de mulheres, porque é a socialização feminina que tende a pressioná-las a ter uma imagem bondosa e empática. Isso pode vir de qualquer função. Mas, como dito no ponto sobre Fi, as descrições do Sentimento Introvertido têm ficado tão relaxadas que até esse campo, tradicional do Fe, tem sido usado para identificação com Fi. Por esse motivo, há uma grande baixa nas pessoas se identificando com Fe, até mesmo os que seriam mistypes. Todas as funções de julgamento estão propensas a isso se a pessoa sentir que tem empatia e que ter empatia significa ter Sentimento Extrovertido. No caso do Te, seria esperado que mais indivíduos se cressem usuários de Fe, mas geralmente a forma como as expectativas externas batem nessas duas funções costuma diminuir isso, mesmo as duas funções tendo grandes semelhanças como funções de julgamento extrovertido e compartilhando os mesmos lugares na estrutura psíquica. Novamente, são os usuários de Te que rejeitam descrições muito maquiavélicas ou egoístas da função que podem, eventualmente, se acreditar xxFJ. No caso do Fi, isso pode acontecer pelo fenômeno de “coice” descrito anteriormente: na luta contra os estereótipos muito fofos ou passivos do Fi, parte da comunidade pode forçar tanto o suposto egoísmo do Fi que certas pessoas desses tipos acabem se acreditando ter Fe. Não é comum, mas certamente pode acontecer. Por fim, no caso do Pensamento Introvertido, embora também raro, pode gerar algo similar. Caso haja uma grande forçação ao redor do Ti como se essa função fosse incapaz de empatia ou de ter sentimentos fortes, é possível que pessoas desses tipos se encontrem no Fe. Mas, para tudo isso, é importante diferenciar o fato de o Fe ser propenso a valorizar empatia como uma conduta harmônica universal; e ter empatia, o que é algo que todos podem ter e muitos xxFJ não têm.
No caso das funções de percepção, as confusões podem acontecer, mas elas necessariamente são mais superficiais, já que se trata de processos cognitivos distintos. Uma boa diferenciação entre percepção e julgamento já ajuda a separar as duas coisas. A confusão entre funções de percepção e o Fe, de julgamento, também é mais complexa de ser explicada porque as funções racionais e irracionais trabalham uma com a outra para um processo completo. No caso do Fe, ele trabalha principalmente com as funções de percepção introvertida (Si e Ni), mas também com as de percepção extrovertida (Ne e Se). De qualquer forma, pessoas com essas 4 funções de percepção podem confundi-las com o Fe quando ainda não aprenderam a separar perfeitamente o julgamento da percepção. Todos os tipos podem ser propensos a se ver como xxFJ se quiserem dar a si mesmos uma narrativa de empatia, gentileza (inclusive por autopiedade), compreensão e sociabilidade. Usuários de Se e Ne podem depositar no Fe a energia social que alguns têm. Usuários de Ni e Si dominantes, tanto Si-dominante (ISxJ) quanto Ni-dominante (INxJ), podem eventualmente se ver como Fe-dominantes caso seus apegos sacralizados da percepção introvertida sejam orientados para grandes causas sociais, ou se se acharem bastante sociáveis, o que às vezes acontece com usuários de Fe-auxiliar. No entanto, o contrário é muito mais verdadeiro: Fe-dominantes crendo-se ser Fe-auxiliares também por questões de grandes ideais ou baixa sociabilidade.
Confusões com Pensamento Extrovertido (Te): o Te não é a função materialista que muitos levam a crer. Ele é uma função bastante incompreendida tanto porque envia muito mistype quanto porque recebe outros tantos. Isso desloca os estereótipos do tipo para muitas coisas pouco conectadas com sua essência e requer um trabalho igual em termos de expulsar aqueles que não são usuários de Te e trazer aqueles que o são (o que é um movimento importante em qualquer função, mas principalmente aqui). A maioria das descrições de Te focam muito em coisas com teor profissional e atraem aqueles cuja autoimagem está nesse campo. Todos os usuários de Te que se veem pelo prisma do lazer ou dos interesses não-econômicos correm o risco grande de se enxergar em outros tipos (nem que seja, para os Te-dominantes, se achar Te-auxiliar, algo comuníssimo, dado que nada no Pensamento Extrovertido dominante indicaria extroversão social do senso comum, então muitos se acham introvertidos no viés). Além disso, todo aquele que baseia sua autoimagem em questões de área profissional ou de competência para achar o tipo corre o risco de se achar xxTJ, mesmo não sendo. Então, por causa disso, o primeiro ponto é desmentir e desmistificar essa ideia que coloca os usuários de Te como máquinas de produtividade e orientação para eficiência e emprego, unicamente. O Pensamento Extrovertido do indivíduo tem que ser encontrado, no processo de tipagem, tanto no trabalho quanto na diversão. Ele está presente no funcionamento cognitivo do indivíduo em todos os âmbitos da vida. Não significa que será visível em todos os momentos, mas a análise de uma pessoa sobre si mesma deve contemplar todas as áreas. Por outro lado, parece haver um movimento oposto ao de relegar o Te apenas a ambientes profissionais, também problemático para o mistype. Ele tem a ver com a interpretação totalmente materialista e simplista do tipo, como se o Te se contentasse com objetivos financeiros e ganhos de lucro. Essa perspectiva, que vem junto da leitura de que Te significa ser grosso, agressivo, mandão ou violento, faz com que muitos usuários de Se-dominante se identifiquem erroneamente como ExTJ. E, com isso, eles trazem também os estereótipos mais comuns a esses tipos, que passam a ser atribuídos aos Te-dominantes. Mas a tendência do Pensamento Extrovertido é dialogar com os consensos lógicos e estruturas de pensamento, adotando posturas também construtivas. Enxergá-las como apenas meios ou táticas para objetivos materialistas, embora possível em alguns Te-dominantes, é mais característico da Sensação Extrovertida. O mesmo vale para o uso corporal da raiva ou da agressividade para se conseguir coisas ou demandá-las. Para se combater esses estereótipos, é útil aproximar o Te das outras duas funções companheiras de julgamento, o Fe (julgamento extrovertido) e o Ti (função de pensamento), e entender o que eles têm em comum, para minimizar a imagem maquiavélica, agressiva ou puramente materialista que muitos têm do Pensamento Extrovertido, que pode também ser muito cooperativo, muito teórico, muito idealista, muito debatedor, e não puramente energético ou prático.
Diferentemente de todas as outras funções apresentadas, a principal função que gera confusão com o Te é a Se, uma função de percepção. Esse fato mostra o grau de desentendimento a que chegaram alguns estereótipos. Se e Te têm, até, pontos de contato relativos: são funções bastante objetivas e tentem a prezar pela praticidade e pelos efeitos ou verificações no mundo concreto. Mas para por aí, já que uma é de julgamento e outra é de percepção. Os usuários de Se que se identificam com Te costumam creditar ao Te sua capacidade de concretizar objetivos, sua “força” (ou força de vontade), sua agressividade e sua capacidade de “fazer o que precisa ser feito”. Como a maioria desses ESxP acompanha uma Ni-inferior com pontadas de megalomania, isso é traduzido na ideia de “objetivos” que também é associada, por esses Se-dominantes, como Te. Qualquer pessoa mandona ou agressiva passa a ser vista como ExTJ, mesmo quando exibe comportamentos e formas de pensar muito mais característicos da Sensação Extrovertida. A própria ideia de ser um empresário que consegue aproveitar oportunidades para alcançar objetivos e sonhos no plano material (ganhar dinheiro, por exemplo, ou ser o melhor em alguma coisa) costuma ser atribuída de forma limitante ao Te vinda de muitos usuários de Se. A partir desse estereótipo, as outras funções também podem ser confundidas com Te quando exibem esse comportamento agressivo, mandão ou impositivo. Isso pode acontecer com alguns usuários de Fi e Fe altos, quando esses não se encaixam nas descrições “suaves” e “fofas” da função sentimento associada à agradabilidade alta. Qualquer usuário de Fi ou Fe altos pode ser erroneamente identificado como usuário de Te alto se demonstra ter foco em objetivos ou ser grosso, agressivo e demandante ou arrogante. Isso permeia tanto as funções de julgamento quanto as de percepção, mas é menos comum no Pensamento Introvertido dominante (enquanto o Ti auxiliar, principalmente do ESTP, é bastante propenso a se considerar Te), mas isso pode acontecer também se o Ti-dominante tiver uma imagem de competência, eficiência ou responsabilidade, porque as descrições dão a entender que isso não é possível para eles. Usuários de Ne também podem ser lidos ou depositarem no Te seu comportamento exploratório se ele for direcionado para aproveitamento monetário, devido à porca associação entre Te e busca de ganhos financeiros pura e simplesmente. Já no caso das percepções introvertidas, é incomum que seus usuários de Ni e Si dominantes se creiam ExTJ, porque o contrário é muito mais verdadeiro, mas eventualmente pode acontecer, caso seus idealismos sacralizados passem por efeitos no mundo externo e grandes projetos, ou por estabelecimento de normas impessoais.
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