Discutimos o erro e a confusão do tipo e os impactos disso na comunidade
Não existe nada errado em errar o próprio tipo. Não é vergonhoso ter se equivocado, nem é vergonhoso levar tempo para descobrir o tipo certo. O grande problema está no não-questionamento, não no erro em si. É sobre esse tema que trata o termo “mistype”. Do inglês, “mis-”, que significa errar, equivocar-se, e type, que significa tipo. Em termos simples, cometer mistype ou ser mistype significa errar o próprio tipo. No entanto, existem nuanças desse conceito que são importantes de serem estudadas. Afinal, o mistype existe se a pessoa tem dúvidas do próprio tipo ou apenas quando ela tem plena certeza e está errada? A resposta para essa pergunta não é tão simples, na medida em que os casos de “erro” do tipo podem ser ambíguos. Uma pessoa que ainda não tem certeza do tipo e segue seus estudos, mas adota um tipo “temporário” que parece fazer mais sentido enquanto continua se aprofundando pode ser considerada mistype, se o tipo estiver errado? A resposta para casos ambíguos como esse dirá também sobre o valor que a pessoa dá para o termo. Por outro lado, uma pessoa que diz ter certeza de seu tipo e se recusa a sequer cogitar outras possibilidades ou estudar mais a fundo a teoria certamente cai na categoria de mistype. A lacuna entre os dois casos apresentados, e os vários que podem aparecer entre eles, deve ser debatida para melhor se entender o que pode ser considerado o “fenômeno do mistype”.
Para este texto, o conceito utilizado para o termo mistype será: a atribuição de um tipo equivocado para si mesmo e a recusa a explorar as possibilidades corretas em termos de tipos, funções ou outras variáveis. Isso significa que, além do erro do tipo, deve existir algum tipo de rejeição total ou parcial ao tipo que seria o correto. Por isso, excluem-se aquelas pessoas que ainda estão estudando e abertas a possibilidades diferentes sobre seu próprio tipo. Além disso, deriva-se outra discussão importantíssima antes de se aprofundar no fenômeno social do mistype: se esse conceito se baseia em erro, ele implica que existe um tipo certo e, mais além, existe uma forma de se identificá-lo que independa da própria pessoa que está buscando o próprio tipo. Ou seja, para se falar de mistype, é preciso entrar em um tema muito, muito sensível, tanto em termos pessoais quanto em termos teóricos. Buscar e se atribuir um tipo é algo que mexe fortemente com identidades, e a identidade é um poderoso motor de comportamentos, opiniões e apegos. Sobre o tema, confira o texto Tipologia e a construção do outro. Portanto, dizer que uma pessoa – que provavelmente já se apegou a uma identidade determinada pelo tipo – na verdade se encaixa em outro é um processo delicado. Primeiro porque, se a acusação estiver correta, o acusado pode entrar em defensiva e negação, recusando-se a explorar verdadeiramente o próprio tipo em nome do apego que já criou anteriormente. Segundo porque, se a acusação estiver errada, ela pode gerar desconfortos e atritos desnecessários se for feita do jeito errado, e pode ainda fechar mais a pessoa acusada para as possibilidades; é possível que ela seja mistype e seu tipo esteja errado, mas que a acusação de um segundo tipo também esteja. Além das questões pessoais e identitárias, ainda existe o problema teórico de que, como tipologia é um campo impreciso e não é 100% empírico, não existe nenhuma forma perfeita de se identificar o tipo de alguém. O conhecimento em tipologia se constrói por argumentações, diálogos e comentários contínuos, mas sempre existe a possibilidade pequena de ele estar errado. Ou seja, quem é o acusador para falar do tipo do acusado? Quem é o acusado para ter certeza de seu próprio tipo. Infelizmente, a objetividade perfeita é impossível para os seres humanos: todos são vulneráveis a vieses variados, sobre si mesmos e sobre os outros. A identidade pode pregar peças variadas: uma pessoa que se identifique com o tipo X pode fazê-lo apenas por gostar desse tipo, mas criar inúmeras barreiras argumentativas para negar-se a verdade – se é que ela pode ser alcançada. Da mesma forma, uma pessoa que acuse a outra de ser do tipo Y pode fazer por não gostar do tipo X e querer que seu amigo seja de um tipo Y, ou algo assim. Enquanto o indivíduo é aquele que mais conhece de si mesmo, ele também é o mais vulnerável às identidades, vieses e apegos sobre si mesmo. Existem pessoas que cumprem todos os elementos da atitude extrovertida (orientação para objeto, diálogo com o objeto, permeabilidade e controle do objeto), e até mesmo os estereótipos não definidores, como sociabilidade, e mesmo assim se ver como introvertida porque seu viés olha apenas para momentos muito específicos de sua vida. Por outro lado, aqueles que observam a pessoa de fora geralmente têm apenas acesso a facetas específicas de sua vida, e observam dentro de uma relação. O filho observa o pai como filho; o empregado observa o chefe como chefe. E tudo isso é um possível gerador de viés.
Portanto, como o fenômeno do mistype é sensível para todos os envolvidos, a melhor coisa que pode acompanhar a identificação de um é a humildade, tanto do identificador quanto do identificado. Como foi definido ali em cima, o mistype acontece exatamente porque uma parte está se identificando com um tipo erroneamente e se recusa a observar ou internalizar certos pontos que indicariam o erro. Sem a humildade e a dúvida por parte do identificado, o erro persiste. Sem o mesmo por parte do identificador, ele não percebe que o autoconhecimento e até os próprios apegos identitários do identificado são importantes para o encontro do tipo. Mesmo se o identificado tenha errado total e completamente em seu tipo, existe algo em sua autoimagem distorcida que pode ser usado como ferramenta para desconstrução de suas ideias equivocadas. Além disso, existe também a possibilidade de o identificador estar errado. Caso não haja a presença da “humildade tipológica” nas partes envolvidas, há um risco muito grande de o fenômeno do mistype cair em meros jogos de poder e supremacia verborrágica. Como acontece em outros campos do conhecimento, e na própria academia, a suposta detenção de conhecimento pode ser facilmente usada como instrumento da vaidade e da disputa de micropoderes sobre o outro. A sensação de ser mais inteligente que o outro, ou de conhecê-lo melhor que ele mesmo, ou mesmo a vontade de provocá-lo durante uma discussão para desmerecer seus argumentos… são várias as razões pelas quais alguém pode se sentir compelido, até inconscientemente, a vontade de acusar um mistype mesmo sem ter real embasamento para tal. A reação pode ser igualmente problemática, se a pessoa entrar na defensiva para se sentir no controle de si mesma, na tentativa de reforçar que é a única que conhece a si própria de verdade, o que também é incorreto. Embora a tipologia não determine comportamento, são inúmeras as fontes que podem ajudar alguém experiente a encontrar o tipo de outra pessoa: declarações, comentários sobre si, padrões de comportamento, reflexões, narrativas sobre o mundo e os próprios apegos identitários são bússolas e marcos para o tipo de alguém que qualquer um pode ter contato. Espera-se que, depois deste texto, as pessoas criem consciência dessas microdinâmicas de poder sem usá-las como mero artifício retórico para escapar ou entrar em discussões e continuar reforçando-as.
São muitos os efeitos sociais do mistype. Além do já exposto sobre a problemática na indicação dele, também há problemas se o mistype não for exposto e combatido, tanto para o indivíduo quanto para a comunidade num geral e o bom entendimento dos tipos. Para o indivíduo, a compreensão errônea dos tipos e funções pode gerar uma ideia muito rasa do que são os tipos e uma fuga dos propósitos originais da teoria de ajudar as pessoas em seu crescimento pessoal e busca de equilíbrio psíquico e individuação. Se a pessoa erra sua função dominante, por exemplo, também erra a inferior, e pode acabar ignorando um real ponto de vulnerabilidade em nome de um falso. É comum, por exemplo que as pessoas se considerem possuindo Sensação Extrovertida (Se) inferior e justificando por serem desastradas, esquecidas ou desatentas, coisas que têm pouco a ver com a Se-inferior por poderem vir de inúmeras causas (até pessoas com Se dominante podem se identificar com essas características, e é algo muito comum). Ou seja, a partir de um exemplo comportamental totalmente genérico, o indivíduo se nega a olhar para sua real função inferior e seu ponto de crescimento mais difícil, mas também mais recompensador, em nome de um apego identitário genérico. A tipologia oferece vários insights para o crescimento pessoal do indivíduo e o próprio caminho em direção à identificação correta pode mostrá-los, não apenas o tipo em si. Também por isso é necessário não demonizar o erro do tipo, o que será tratado depois.
Os efeitos do mistype na comunidade tipológica podem ser mais bem estudados ao se diferenciarem dois fenômenos dentro do mistype: o primeiro mostra que qualquer pessoa pode se equivocar com qualquer tipo, o que gera afrouxamento da teoria e dificuldade de precisão dentro das muitas vozes que compõem a comunidade. O segundo mostra que algumas tendências de mistype são enormemente mais comuns que outras, por razão de várias tendências sociais atuais, e isso gera efeitos diferentes em cada tipo e em como ele é visto pela comunidade.
O primeiro ponto é constatado com um pouco de vivência entre pessoas em diferentes espaços – mais ou menos aprofundados na teoria. Casos e casos de mistypes (posteriormente assumidos ou não) vão mostrando a capacidade que qualquer pessoa pode ter de se identificar com qualquer tipo. Os conceitos tipológicos têm sua especificidade teórica e, quando não bem internalizados, as possíveis interpretações são infindas. A criatividade humana não tem limites, e isso inclui aquela usada para criar justificativas sobre ser de determinado tipo. Autoimagens mais ou menos distorcidas, aprofundamentos maiores ou menores na teoria, apegos maiores ou menores a testes e tipagens alheias, tudo isso contribui para que, em algum lugar do mundo, exista sempre uma pessoa do tipo X que acredite ser do tipo Y, e outra do tipo X que acredite ser do tipo H. Imagina-se que a vasta maioria das pessoas que se identificam com um tipo o têm equivocado e não sabe, tamanho é o fenômeno do mistype a partir de testes e em diferentes bolhas. O que isso acarreta? Que a própria teoria vai ficando relaxada na medida em que redes de justificativas malfeitas (e outras até nem tanto) preenchem de forma confusa os fóruns, blogs e perfis pessoais interessados em tipologia. Em algum lugar dessa enorme comunidade, seja no Brasil ou no exterior, existe algum ENFP que se considera ISTP e compartilha sua visão de mundo associando-a de alguma forma aos estereótipos, às letras ou até mesmo às funções do tipo. E, como comunicação é influência, isso contribui para a formação de um coro, uma nuvem difusa de opiniões sobre os tipos que relaxa a teoria e permite que mais e mais pessoas se identifiquem com qualquer coisa, ampliando o fenômeno do mistype e favorecendo cada vez mais narrativas genéricas que permitem a tipagem se moldar à autoimagem, e não a pôr em xeque. A teoria, que já é abstrata e imprecisa e que requer muita cautela e compromisso com os conceitos, vai perdendo mais e mais sentido.
Mas existe ainda um segundo movimento dentro dessa massa difusa de mistypes para todos os lados. Em verdade, também uma rápida experiência na comunidade já aponta que existem grandes tendências, grandes correntes e direções para as quais os principais mistypes acontecem. Por influências diversas de testes, descrições populares ruins e estereótipos antigos, alguns tipos sofrem influências de um jeito e outros sofrem outros tipos de influência. Ou seja, cada tipo acaba precisando ser olhado com calma porque sofre influências diferentes de certos tipos que costumam se identificar como ele, ou por perder pessoas de seu tipo que se identificam com outro. Essas grandes tendências são tão fortes que chegam a ditar a narrativa sobre o que é um tipo a partir de outros tipos. É possível identificar dois grandes tipos de tendência em dois espectros diferentes: o espectro de exagero-afrouxamento e o processo de fetichismo-diminuição. O espectro de exagero-afrouxamento acontece porque certos tipos “recebem” muito mais mistypes, vindos de vários outros tipos, e passam a ter seu estereótipo ainda mais afrouxado, ainda mais genérico e fácil de ser encaixado por qualquer pessoa que queira, enquanto os tipos que “enviam” mais mistypes passam a ser vistos de forma muito exagerada, muito estereotipada e muito comportamental, com comportamentos específicos, feitos para que as pessoas os coloquem como Outros, chegando a ser praticamente impossíveis de serem identificados, porque sempre existe alguém mais estereotipado ou mais exagerado que as pessoas usam para se sentir afastadas do tipo. Isso desumaniza os tipos, transformando-os em exageros unidimensionais. Já o espectro de fetichismo-diminuição é a atribuição grupal de um valor sobre determinado tipo, como se ele fosse melhor e idealizado ou pior e menosprezado. Como é uma questão de valor atribuído, existem tendências gerais, mas elas mudam a depender da bolha comunitária. Ou seja, existem tipos que são como um todo vistos de forma positiva ou negativa, mas outros com maior variabilidade a depender do ambiente. Mesmo um tipo visto como negativo dentro de um grande grupo de tipologia será visto de forma mais positiva nos grupos dedicados a seu tipo. Curiosamente, essa atribuição de valor influencia as tendências de mistype, mas não necessariamente na direção do mais positivo. Os apegos identitários podem e com frequência são vinculados a autoimagens negativas. Isso faz com que muitas pessoas cultivem um orgulho ferido ao se identificarem com tipos a partir de defeitos genéricos, como forma de pensar que não estão fetichizando seu próprio tipo e se blindarem das dúvidas, mas ao mesmo tempo usando-o como escape para dar desculpas por seus defeitos genéricos. Outras pessoas, claro, se forçam a encaixar naqueles tipos que valorizam positivamente e que são valorizados positivamente pela comunidade. A questão do orgulho pode ser tanto positiva quanto negativa, na tentativa de inflar o ego ou diminuí-lo. Mas todas geram graves distorções na forma como os tipos (e as pessoas) são vistos.
É por isso que o mistype deve ser combatido. Conforme os tipos vão sendo afrouxados, estereotipados, fetichizados e diminuídos, mais as pessoas passam a criar preconceitos umas com as outras por motivos de tipo, e passam a reforçar esses preconceitos a partir de julgamentos errados. É muito comum que as pessoas decidam que não gostam de um tipo e passem a tipar os exemplos “bons” desse tipo como sendo de outros, porque tipam com base em valor e preconceito. O fenômeno do mistype tem impactos para fora da tipologia e afeta convivências. Para uma discussão sobre pra que serve e o que não fazer com a tipologia, consulte o texto Por que estudamos tipologia de personalidade?. No plano micro, o combate ao mistype pode parecer insólito. Algumas pessoas, sem ter consciência desses grandes padrões, veem uma pessoa tendo seu tipo duvidado e leem isso como picuinha ou invasão desnecessária. Partem do princípio (equivocado) de que cada pessoa sabe seu tipo e que, se ela se declara de uma forma, aquela será a correta. E, a partir dessas assunções, ignoram as tendências sociais e os problemas sociais do mistype, tratando no máximo como um problema pontual, eventual e individual. A maioria dessas pessoas parte de um lugar totalmente justo: pensam assim porque ainda não se aprofundaram ou não têm intenção de se aprofundar na teoria e dão menos importância aos tipos psicológicos, o que leva a uma perspectiva de “deixe ser”, passiva e inativa, porque consideram que a escolha individual não deve ser questionada. Embora esse posicionamento seja simplista e inerte, há algo importante a ser extraído dele. O respeito individual é importante e deve ser levado em conta para que ninguém seja invadido ou desrespeitado por conta de uma atribuição de tipo psicológico. O fenômeno do mistype por mais problemático que seja, com efeitos negativos inclusive para além da comunidade, não pode servir como pano de fundo para desrespeitos pessoais. Mas há um porém: como tipologia lida com identidade, as pessoas mais equivocadas sobre o próprio tipo são as mais propensas a se ofenderem facilmente com os questionamentos de seus tipos, justamente porque estão apegadas a um conceito identitário e podem facilmente entrar em defensiva ou em mecanismos projetivos. Por isso, há uma sensibilidade ainda maior no tema. Embora não possam ser desrespeitadas, esse tipo de defesa ou de sensação generalizada de incômodo não pode colocar ninguém em um pedestal de mármore.
Ora, como evitar cair em mistype? A primeira coisa é não ter medo do erro, e sim da persistência nele. Como o fenômeno do mistype tem impactos negativos na comunidade tipológica e mesmo na sociedade, qualquer um com maior consciência fica com medo de estar participando disso. Esse medo pode ser um motor de mudança, mas também pode gerar ansiedade e culpa desnecessárias para pessoas que já estão propensas a questionar o próprio tipo e aprofundar-se na teoria. Além de mal-estar pessoal, isso pode ainda mais fazer alguém tentar forçar uma conclusão apenas para não se sentir fazendo parte do fenômeno do mistype. Mas, como definido no começo do texto, o importante nesse fenômeno não é só o erro, mas a rejeição ao questionamento. A verdade é que encontrar o próprio tipo é e deve ser um processo que leve tempo e calma. Não é necessária nenhuma urgência para definir o tipo, até porque a vida não conhece depois do tipo, ela acontece apesar dele. Ter errado seu tipo não é sinônimo de vergonha. Pelo contrário, é normal, já que quase ninguém começou acertando o próprio tipo. Na verdade, notar alguém que nunca duvidou de sua primeira tipagem é um indício relativamente seguro de que essa pessoa tenha errado seu tipo. Não existe tempo nem corrida para acertar o tipo. Existem processos individuais e cada pessoa tem o seu. Não existe vergonha em cogitar muitos tipos, apenas em não cogitar nenhum. O estudo de outros tipos, mesmo quando não são o tipo certo; mesmo quando parecem ser possibilidades absurdas, pode abrir portas para novas reflexões sobre si mesmo e sobre os pontos cegos de uma pessoa. Levar tempo para identificar o próprio tipo também tem seus ganhos de entendimento de si, dos outros e da própria teoria. Portanto, para evitar cair em mistype, o melhor a se fazer é duvidar, ouvir e esperar. O contato com a tipologia tende a acontecer durante a adolescência, por testes e amigos, o que faz ainda mais ser recomendável tomar um tempo antes de se decidir sobre seu tipo. A autoimagem na adolescência pode ser convoluta e o tipo difícil de ser identificado, até porque as funções ainda podem não estar bem diferenciadas no indivíduo. Sobre isso, veja o texto Mudança e desenvolvimento do tipo junguiano: é possível?.
Por isso, evitar mistype significa evitar se fechar de forma apegada às ilusões sobre si mesmo. Significa dar tempo à investigação de si, para não cair na tentativa de tipar cada pequena ação que uma pessoa faz. Quanto mais tempo a pessoa tem para fazer a autorreflexão, mais tempo ela terá para se colocar em perspectiva e notar os grandes padrões de pensamento, que são os regidos pela tipologia. Notar grandes padrões em perspectiva requer paciência e calma, mas não é um caminho individualizado. Embora cada um tenha seu próprio processo, ele não deve ser em absoluto individualizado. Ouvir as opiniões dos outros sobre si mesmo é tão importante quanto ouvir as próprias reflexões subjetivas. Inclusive, por esse motivo, as pessoas deveriam ser encorajadas a duvidar não só dos próprios tipos, mas também dos tipos que outras pessoas se atribuem. Isso deve ser feito com o máximo de respeito e humildade, claro. O melhor aprendizado que a própria tipologia pode ensinar é que nem o fator subjetivo nem o fator objetivo são absolutos. Unir os dois, mesmo que demande mais tempo, é extremamente rico. Aqui entra o conceito já dito de humildade. É fundamental, para combater o mistype, aceitar a própria propensão ao erro, abrindo-se para novos e diversificados inputs. O diálogo com o mundo externo é fundamental para calibrar a autoimagem com a imagem externa, tentando extrair os grandes padrões que as pessoas percebem tanto quanto os que a própria pessoa percebe. Ou seja, a fórmula para evitar o mistype e a permanência no erro é justamente a aceitação do erro como um processo em direção ao acerto, da dúvida como busca da certeza, mas da certeza como um ideal impossível. Melhor que certeza, é preciso buscar segurança. A certeza pode facilmente rejeitar quaisquer possibilidades, qualquer nova semente de reflexão, o que é fundamental para um conhecimento como a tipologia. É importante levar seu próprio tempo e não se forçar a fechar uma certeza. Com isso, o mistype será evitado. Além de evitar mistype, encontrar o próprio tipo é um caminho. Veja o texto Guia de auxílio para encontrar o próprio tipo e o dos outros para aprender formas ou dicas de melhorar esse estudo do tipo. Se quiser conhecer mais sobre os tipos específicos de mistype e como identificá-los e combatê-los, consulte o texto Tipos comuns (ou esperados) de mistypes e suas consequências.
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